Quadrilha que fraudava contas bancárias pela Internet Presa

Numa ação conjunta das polícias Federal, Civil e Militar foram presos integrantes de uma quadrilha cujo líder seria Guilherme Amorim de Oliveira Alves, de 18 anos, acusado de aplicar golpes em correntistas de bancos com o auxílio da Internet. Além de Gulherme Amorim, detido em Petrópolis, no Rio de Janeiro, a polícia também prendeu em Americana, no inteiror de São Paulo, sua namorada, Maria Cecília Faria Martins, conhecida por Ceci, e em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, o soldado da Polícia Militar (PM) Evananci Soares Alcântara.

As prisões aconteceram ao longo da quinta-feira, dia 20. Entre a sexta-feira e o sábado, dia 22, os três foram transferidos para Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, segundo jornais locais. Lá deverão ser interrogados pelo delegado da Polícia Federal (PF) Adauto Almeida Martins, que viajou de Brasília especialmente para coordenar as investigações. A operação, batizada de Web Page, ainda pode resultar na detenção de mais três suspeitos, dois deles com ordem de prisão preventiva decretada em janeiro pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.

A residência dos pais de Guilherme, em Corumbá, também teria sido vasculhada e documentos apreendidos. Seu pai teria sido interrogado e depois liberado. Em junho do ano passado, o adolescente já havia sido preso por fraudes contra o sistema bancário e em sites de leilões, mas foi solto pouco tempo depois, beneficiado por um habeas corpus.

Ainda não há muitos detalhes sobre a prisão e sobre as atividades criminosas da quadrilha. Segundo o site Campo Grande News, as investigações correm em segredo de justiça, o que dificulta a obtenção de dados oficiais. A imprensa, principalmente de Mato Grosso do Sul, tem sido a principal fonte de notícias sobre o caso, mas as informações são desencontradas. Por exemplo, o jornal Correio do Estado, de Campo Grande, informa que Guilherme Amorim estaria planejando um golpe de R$ 150 mil contra o Banco Bilbao Vizcaya (BBV), mas o site Campo Grande News afirma que este valor é mil vezes maior, ou seja R$ 150 milhões, e seria dirigido contra o banco BVA.

Outras informações dão conta de que Guilherme teria roubado mais de R$ 3 milhões da rede bancária, incluindo agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú e Bradesco. Essa quantia teria sido descoberta em apenas uma das contas do golpista. Com ele também teriam sido encontradas senhas de cartões de crédito de mais de 3,5 mil clientes. Fala-se ainda no desvio de mais de US$ 250 mil de instituições financeiras dos Estados Unidos e suspeita-se que Guilherme tenha ligações com crimes cometidos não só naquele país, como na Coréia do Norte, Peru e na Argentina. Na sexta-feira, InfoGuerra tentou obter informações mais precisas com o departamento de comunicação social da PF, mas não recebeu resposta.

Mesmo assim, conseguimos contato com um profissional que colaborou nas investigações do caso, mas prefere não ser identificado. Ele conta que as atividades de Guilherme Amorim estavam sendo examinadas há sete meses, desde sua última prisão, e que os policiais contaram com a ajuda da área de inteligência de todos os bancos envolvidos nas fraudes, os quais estavam monitorando de perto as ações dos criminosos. Segundo a fonte, os integrantes da quadrilha enganavam os correntistas criando páginas falsas dos bancos. A técnica consistia em invadir provedores e redirecionar o endereço eletrônico do banco para o IP de uma máquina sob o controle dos atacantes. Isto era feito por um método conhecido como envenamento de servidor de nomes (DNS).

"Qualquer máquina disponível, com um IP válido, era usada para hospedar os sites falsos", diz o informante. "Muitas vezes a máquina nem tinha serviço HTTP (protocolo usado em páginas Web), mas eles instalavam o protocolo e colocavam a página falsa". Apesar de toda a impresa estar chamando Guilherme de "hacker", é mais provável que ele seja um criminoso comum que resolveu se aproveitar de certas técnicas usadas pelo underground da Internet para cometer seus delitos. "A habilidade do grupo parece ser limitada", informa a fonte. "Eram escolhidos sempre os mesmos tipos de sistemas operacionais e usados programas publicamente conhecidos, tanto para invadir as máquinas, quanto para mantê-las sob o controle do grupo".

Uma amostra do envolvimento de Guilherme com o crime comum está em chamadas telefônicas que teriam sidos grampeadas pela polícia e nas quais ele aparece tentando negociar mais de um quilo de esmeraldas.

Giordani Rodrigues 

 

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