Celular
pode ser usado como arma de terrorista?
No mundo do terrorismo e da contra-espionagem, o telefone celular se
transformou em uma arma cada vez mais mortal para os dois lados do
conflito. Para os extremistas, o celular é um detonador perfeito. Para as
forças de segurança, um instrumento importante no rastreamento dos
terroristas.
A necessidade de se criar
regras comuns sobre o armazenamento dos dados sobre telefones foi um
assunto de destaque no encontro realizado nesta semana por ministros do
Interior dos países-membro da União Européia (UE), que tentam melhorar
a cooperação de seus serviços de segurança depois dos atentados deste
mês em Madri (capital da Espanha). "A interceptação de telefonemas
feitos via celular pode ser vital para a obtenção de informações",
afirmou Peter Yapp, um analista para a área de segurança da Control
Risks Group, uma empresa de consultoria.
Autoridades espanholas
estão trabalhando com a teoria de que os terroristas de Madri usaram
telefones celulares para detonar os explosivos à distância. Os atentados
mataram 202 pessoas. Grupos extremistas como o IRA (Exército Republicano
Irlandês) e o Hamas já usaram celulares para acionar bombas, dizem
analistas.
Os atentados de Madri,
por outro lado, aconteceram quando os especialistas da área de segurança
estavam tendo algum sucesso interceptando telefonemas feitos via celular
nas imediações de locais onde estavam supostos membros da Al Qaeda.
O grande número de
mortos na Espanha deixou os policiais e as autoridades da área de
transportes em toda a Europa preparando-se para uma nova onda de ataques
urbanos e chamou atenção para os telefones celulares. As polícias
municipais podem começar a procurar por tecnologias para interferir em
telefonemas a fim de impedir um novo atentado como o de Madri. "As
possibilidades de comunicação em locais como o metrô de Londres teriam
de ser diminuídas agora", afirmou Yapp.
Segundo analistas da área
de segurança, a curto prazo, o mais provável é a adoção de medidas
como as vistas em aeroportos: revista aleatória de bagagens, maior número
de câmeras de vigilância e instalação de detectores de metal.
Equipamentos para interferir em telefonemas viriam depois.
"Não vejo a
possibilidade de proibirmos os celulares. O dano à estrutura social, ao
comércio internacional, seria muito grande", disse Richard Starnes,
um especialista que trabalha para várias forças de segurança
internacionais.
Enquanto isso, novas
tecnologias de celulares, como os telefones que operam na rede 3G,
tornariam mais difícil para as forças de segurança rastrear o sinal de
supostos terroristas.
Mensagens de texto e voz
que navegam pelas redes 3G são mais disseminadas, o que dificulta sua
interceptação. Os telefones, de outro lado, podem receber tecnologia de
encriptação a fim de dificultar a compreensão das mensagens trocadas.
Os telefones pré-pagos também representam uma dor de cabeça para as forças
de segurança.
Ao comprar um celular do
tipo, os usuários podem usá-lo de forma quase anônima, já que,
geralmente, não se exige nenhum tipo de registro junto à operadora.
"O pré-pago é uma ameaça real à segurança", disse Peter
Larsson, diretor executivo da Pointsec Mobile Technology AB, uma empresa
da Suécia especializada na segurança de celulares.
Outra complicação é a
presença de grandes buracos entre as redes de telefones celulares do
mundo todo. Um exemplo: um telefone celular roubado no oeste da Europa
poderia funcionar em outra rede GSM no leste da África ou no Oriente Médio.
"Nesse ponto, precisamos de um tratado internacional.
Internacionalmente, se conseguíssemos bloquear um telefone, isso teria um
impacto", disse Yapp.
Reuters
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