Coca-Cola é ameaça à
segurança militar nos EUA
Há uma nova ameaça de segurança em algumas
bases militares dos Estados Unidos - e ela se parece assustadoramente
com... uma lata de Coca-Cola. Latas do refrigerante especialmente
desenhadas, que fazem parte de uma promoção de verão da companhia, contêm
telefones celulares e GPS. O fato tem preocupado oficiais em algumas
instalações porque as latinhas poderiam ser usadas para espionagem.
Assim, medidas de proteção estão sendo tomadas.
A Coca-Cola diz que tais preocupações não passam de bobagens. Um
porta-voz da companhia, Mart Martin, afirmou que ninguém iria confundir
uma das latinhas da promoção Unexpected Summer com uma Coca-Cola
normal. "A lata é dramaticamente diferente", disse. As da promoção
têm um painel na parte de fora e um enorme botão vermelho. "Ou
seja, é muito claro que a lata é, na verdade, um equipamento de
telefonia celular", completou.
Os ganhadores das latas ativam o dispositivo pressionando o botão. A
latinha pode fazer contato apenas com o centro de promoções da
Coca-Cola, assim como os dados do GPS que também só podem ser recebidos
pela companhia. "Ela não pode ser usada como equipamento para
espionar", garantiu Martin. Os prêmios da promoção incluem, entre
outros, dinheiro e uma central de entretenimento doméstico.
Apesar disso, bases militares como o Centro de Armamentos do Exército
em Fort Knox, no Kentucky, estão pedindo aos soldados que examinem bem
suas latinhas de Coca-Cola antes de trazê-las às reuniões sigilosas.
"Estamos pedindo às pessoas que abram as latas e não as tragam se
dentro houver um GPS", informou o sargento Jerry Meredith, porta-voz
do centro em Fort Knox. "Não é como se estivéssemos examinando as
latinhas no ponto de venda. É só uma questão de bom senso",
completou ele.
A Força Aérea e a Marinha parecem ter ficado preocupadas também. Sue
Murphy, uma porta-voz da base da Força Aérea em Dayton, Ohio, disse que
aparelhos eletrônicos pessoais não são permitidos em alguns edifícios
e salas de conferência. "Na possibilidade remota de que uma lata
dessas fosse encontrada em uma dessas áreas, nos asseguraríamos de que
ela estivesse desativada, tentaríamos devolvê-la ao seu dono e pediríamos
a ele que a utilizasse apenas em sua casa", explicou. Todos os
funcionários da Marinha foram alertados a respeito das latas para mantê-las
bem longe.
Paul Saffo, diretor de pesquisas no Instituto para o Futuro, comparou
esta preocupação militar a quando a CIA baniu o Furbie, um boneco de
brinquedo que podia repetir frases. "Há coisas que devem manter um
general preocupado e acordado até tarde da noite pensando a
respeito", disse Saffo. "Uma lata de Coca-Cola falante não pode
ser uma delas."
Mas para o analista Bruce Don, da Rand Corporation, a preocupação dos
militares é racional e apropriada. "Há muita razão em se preocupar
a respeito de como essa tecnologia poderia ser aproveitada por terceiros
sem o conhecimento da Coca-Cola", explicou ele. "Eu não me
preocuparia se alguma dessas latas estivesse em meu refrigerador, mas se
você tivesse uma reunião ou fosse a algum local sensível, não é
inconcebível que ela pudesse ser usada para finalidades diferentes",
completou.
Martin disse ainda que a maior fabricante de refrigerantes do mundo
havia recebido telefonemas da Base Aérea de Hill Air em Ogden, Utah, e de
uma base militar em Anchorage, no Alaska, pedindo mais informações sobre
a promoção. Os telefonemas não expressavam nenhuma preocupação maior
e a Coca-Cola não foi contatada pelas bases em Ohio e Kentucky,
acrescentou. Respondendo se a Coca-Cola iria suspender a promoção por
conta dessas questões de segurança, afirmou: "Não. Não há razão
para isso".
AP
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