Hospital
usa pílula com câmera embutida, nos EUA
Uma câmera encaixada em uma pílula está permitindo que os médicos do
Hospital Infantil do Arkansas tenham uma visão de todo o trato digestivo
de seus jovens pacientes - do qual cerca de 90% jamais foi visto antes.
A Cápsula M2A, da Given
Imaging, desenvolvida nos EUA por um especialista em mísseis israelense,
foi administrada para os dois primeiros pacientes do hospital na
quinta-feira. Ela vem equipada com flash e tira mais de 50 mil fotografias
durante oito horas, tempo que demora para terminar seu caminho pelo trato
gastrointestinal.
O Hospital do Arkansas é
um de cerca de 1.700 hospitais por todo o mundo a usar a pílula, segundo
um representante da Given Imaging, a companhia que produz e distribui as pílulas.
O hospital também é um de nove hospitais pediátricos a começar a usar
as pílulas desde que a FDA (Food and Drug Administration, agência
federal que regula os medicamentos nos EUA) aprovou seu uso pediátrico no
final do ano passado.
Gary Gramling, de
dezessete anos, da cidade de Paragould, e Caleb Strange, de onze anos, de
Log Cabin, foram os primeiros a tomar a pílula no hospital. Os médicos
suspeitam que ambos sofram da Doença de Crohn, uma doença que pode
causar o bloqueio intestinal, feridas ou úlceras que podem romper a
parede intestinal, infeccionar e precisar de cirurgia.
A pílula é do tamanho
aproximado de uma multivitamina - cerca de três centímetros de
comprimento e quase tão grossa quanto o mindinho de uma mulher. Pacientes
engolem a pílula com um copo de água e passam oito horas usando um cinto
que possui um gravador digital sem fio de imagens, para gravar as imagens
que a câmera envia. Ao fim do dia, eles devolvem o gravador ao hospital e
as imagens são baixadas para um computador para serem analisadas.
Os hospitais começaram a
usar a pílula em 2001 para diagnósticos como uma alternativa para a
endoscopia tradicional. Um endoscópio é um tubo longo e flexível, com
uma câmera na sua ponta que é inserida através da boca do paciente.
O Dr. Emmanuel Siaw, um
gastroenterologista do Hospital do Arkansas, disse que uma endoscopia
permite aos médicos ver apenas os primeiros quinze a vinte centímetros
do intestino delgado. A M2A fornece fotografias de todo o órgão, que tem
de seis a oito metros.
Siaw disse que Gramling e
Strange tinham feito endoscopia e os médicos não tinham conseguido
confirmar o diagnóstico de Doença de Crohn.
Carlo de la Mata, um
porta-voz da Given, disse que embora a pílula não tenha algumas das
vantagens da endoscopia, "seu valor está no diagnóstico".
A pílula fotografa o
intestino em seu estado natural, disse de la Mata, porque está sendo
empurrada pelo trato como aconteceria com a comida sem a interferência
criada por um endoscópio.
"Um endoscópio não
vê o estado natural", ele disse. "Ele funciona muito bem, mas
agora estamos vendo coisas que nunca vimos antes... e é bastante amigável
com o paciente, um pouco menos invasivo que uma endoscopia".
Siaw disse que não
acredita que a cápsula M2A irá substituir a endoscopia porque as cápsulas
não podem pegar amostras de tecido durante suas viagens. No entanto, ele
disse que de 40% a 50% dos pacientes com problemas intestinais são
afetados em áreas que os médicos só são capazes de enxergar com a cápsula.
Para ajudar os médicos a
peneirar as 50 mil fotografias, eles usam um software que identifica
anormalidades, disse Siaw. Demora de duas a três horas para ler os
resultados do teste, informou.
A melhor vista do
intestino delgado de pacientes irá permitir que os médicos diagnostiquem
melhor várias doenças, inclusive o câncer, mas Siaw disse que a pílula
será usada na maior parte do tempo para detectar outras doenças que não
o câncer no Hospital Infantil, porque o câncer gastrointestinal não é
comum em crianças.
Siaw disse que a pílula
descartável deixa o corpo por si só entre um e três dias.
AP
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