Aplicações pela internet atingem record

 
SANDRA BALBI
da Folha de S.Paulo

As aplicações em ações via internet, dentro do sistema de "home broker" do Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), bateram recorde de volume financeiro e número de negócios em abril. A média diária de negócios chegou a R$ 268,9 milhões e a 34,1 mil operações de compra e venda. A participação do "home broker" no total de negócios da Bolsa atingiu a máxima histórica de 21,31%.

Nos últimos 12 meses, o número de investidores que usam a internet para negociar suas ações cresceu 88%, totalizando 57.939 pessoas físicas com ofertas colocadas.

Parte desse movimento é de novos investidores, mas algumas corretoras, como a Ágora Sênior, já registram migração de clientes que antes negociavam por meio dos "brokers" das mesas de operação para o sistema on-line. "As operações pelo "home broker" são mais baratas do que na mesa, no nosso caso, o que é um dos atrativos para quem tem uma carteira grande de ações", diz Álvaro Bandeira, sócio-diretor da Ágora.

Também ajudaram a impulsionar o "home broker" o cenário interno. "O mercado está muito favorável ao investimento em ações, devido à queda dos juros e ao número crescente de empresas que abriram o capital em Bolsa", diz Marcos Monteiro de Barros, da corretora Socopa, uma das primeiras a usar o home broker.

Desde 1997, quando a Socopa lançou seu "home broker", o perfil dos internautas mudou, diz ele. "No passado, eram jovens sem dinheiro que dominavam a ferramenta. Hoje a idade média é mais alta, e as pessoas que têm facilidade de usar a internet também têm recursos para aplicar", observa. Prova disso é que o ticket médio das aplicações vem crescendo: de R$ 3.816, em janeiro de 2002, o valor saltou para R$ 7.800 em abril.

Para Ricardo Pinto Nogueira, superintendente de operações da Bovespa, "a tendência é o "home broker" continuar crescendo com a expansão do uso da internet no país e a entrada de novos investidores na Bolsa". O grande atrativo das operações por meio da internet, segundo ele, é a facilidade de acesso a partir de qualquer ponto do país. Outro fator que explica o sucesso é que, ao contrário do que ocorre nas operações feitas em contato telefônico com as mesas das corretoras, não há distinção entre pequenos e grandes investidores, segundo Nogueira.

Para quem não tem experiência no mercado de ações, os "home brokers" da maioria das corretoras oferecem cursos on-line sobre mercado de capitais. "Antes de começar a investir, vale a pena fazer um desses cursos. Depois recomendo começar a operar aos poucos, com valores pequenos até conhecer melhor o mercado e a ferramenta", aconselha Nogueira.

Além de negociações no mercado à vista da Bovespa, os "home brokers" também permitem operar no mercado de opções de ações. Mas esse é um segmento mais complexo, de maior risco, tanto que a maioria das corretoras exige um período mínimo de operação com ações para depois permitir o acesso às opções.

Para as corretoras, a negociação por meio da internet é vantajosa. "O número de investidores pessoa física vem crescendo e, para atender a esse público, o melhor caminho é o sistema eletrônico, que permite ganhos de escala", diz Samuel Bosnic, superintendente adjunto de canais eletrônicos da corretora Banespa. Sem essa ferramenta, as corretoras teriam de ampliar suas estruturas de atendimento para dar vazão ao aumento da demanda.
 
 

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