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Aposentado
é acusado de difamar ex-mulher juíza pela internet
RENATA BAPTISTA
da Agência Folha
O aposentado português Carlos Manuel Nunes de Carvalho, 53,
está preso desde o fim de fevereiro acusado de ter praticado
116 crimes usando blogs, e-mails e sites de relacionamento
para tentar ferir a honra de sua ex-companheira Margarida
Elizabeth Weiler, juíza da comarca de Anaurilândia (365 km
de Campo Grande).
A prisão preventiva de Carvalho foi decretada pelo juiz
Fábio Henrique Calazans Ramos, que atuava na comarca de
Anaurilândia. O aposentado foi preso no fim de fevereiro em
um hotel em São Paulo. O pedido de liberdade provisória foi
negado, pois o aposentado não apresentou residência fixa
após a separação.
Weiler e Carvalho viveram juntos entre 2003 e 2005. Em
outubro, eles se separaram. Segundo a advogada de defesa de
Carvalho, Estela Folberg, o casamento acabou porque o
aposentado desaprovou a suposta venda de uma sentença pela
juíza, o que acabou gerando atritos entre o casal. Ele
passou a denunciar na Internet a suposta conduta irregular
da juíza.
O advogado da juíza, Eduardo Garcia da Silveira Neto, afirma
que o casamento acabou porque o português revelou-se
violento, desequilibrado e paranóico. "Todos os
procedimentos administrativos contra minha cliente foram
julgados improcedentes."
Após a separação, Carvalho começou a usar o e-mail da
ex-companheira, passando-se por ela, enviando
correspondências que a comprometiam.
"Eu mesmo recebi um ou dois e-mails dele se fazendo passar
por minha cliente", afirmou Silveira Neto. De acordo com a
denúncia, o aposentado ainda colocou o nome da
ex-companheira em blogs e sites de relacionamento.
O advogado afirmou que a produção de provas tem sido
complicada, já que não há muitos casos semelhantes na
Justiça brasileira. "Os provedores relutam em dar as
informações, pois em parte a responsabilidade também é
deles", disse.
O aposentado está sendo acusado de quebra de sigilo
telemático e informático (uso do e-mail da juíza),
apropriação indébita, falsidade ideológica, calúnia,
difamação, injúria a funcionário público e ameaça. Tudo foi
feito por meio eletrônico.
Folberg afirmou que seu cliente tem condições de provar que
o que foi dito é verdade, e que requeriu cópia dos autos do
processo para a Corregedoria investigar a veracidade dos
fatos relatados.
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