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Cibercrime vira negócio e
muda perfil do hacker "do mal"
A maioria das pessoas envolvidas com
crimes de computador é anônima, mas algumas acabam se tornando
conhecidas como conseqüência de terem sido pegas. E enquanto o
cibercrime se torna um negócio cada vez maior e mais rentável, o
perfil dos hackers "do mal" amplia-se para além do retrato
tradicional dos "homens jovens com habilidades computacionais".
Podemos citar Adam Sweaney, 27 anos, de Tacoma, Washington, que
se declarou culpado em setembro de comandar uma rede de computadores
"zumbis" (botnet). Há também Azizbek Takhirovich Mamadjanov, 21,
morador na Flórida sentenciado a dois anos de cadeia por causa de um
esquema de fraude (phishing) que causou prejuízo de milhões de
dólares para uma instituição financeira do Meio Oeste. E Jason
Michael Downey, 24, de Dry Ridge, no Kentucky, sentenciado em
outubro a um ano de cadeia, também por comandar uma botnet.
O que há de notável sobre esses jovens e outros cibercriminosos
não é tanto suas identidades, mas sua comunidade. "Este hacker não é
mais um solitário, as pessoas que criam malwares sentem-se como se
tivessem sua própria comunidade agora, seu próprio círculo social.
Eles têm suas próprias redes sociais", diz Don Jackson, pesquisador
sênior na SecureWorks.
Num constraste com pessoas como Theodore Kaczynski, o Unabomber,
que tramou sozinho a ação para explodir pessoas, os cibercriminosos
hoje têm muito suporte para seus ataques e golpes. Eles podem
comprar kits prontos para realizar ataques ou informação sobre
brechas e falhas não descobertas. Podem alugar redes de PCs
infectados - botnets - para enviar spam, roubar dados pessoais ou
coordenar ataques de negação de serviço (DDoS). Suas dúvidas sobre
como invadir computadores alheios podem ser resolvidas via IRC ou
fóruns espalhados pela web. Eles são parte de uma próspera economia
subterrânea que deve crescer ainda mais em 2008.
Jackson diz que os cibercriminosos ainda parecem ser,
majoritariamente, homens. "Mas temos visto muitas mulheres e garotas
envolvidas em hackings criminosos", afirmou. Uma explicação para
isso pode ser o fato de que as ações criminosas feitas em nome do
nacionalismo são toleradas, e até mesmo encorajadas, em algumas
partes do mundo. São socialmente aceitáveis. "Tenho ficado realmente
espantado com a maneira como as pessoas defendem suas ações, escuto
pessoas dizendo que isso (o cibercrime) não é uma coisa
ruim", diz Jackson.
Ele citou um artigo que traduziu de um jornal de uma pequena
cidade russa, que elogiava dois hackers locais por terem agido
contra "aqueles capitalistas". O nacionalismo russo parece ser a
motivação por trás dos ataques maciços de negação de serviço que
abalaram a Estônia em abril deste ano (leia
» aqui). Outros ataques rastreados até a China também são
atribuídos ao nacionalismo - chinês, no caso. Mas, muito mais vezes
do que se admite, a motivação real é o dinheiro.
Dave Marcus, gerente de pesquisas de segurança e comunicação do
Laboratório McAfee Avert, diz que há sete ou oito anos o perfil do
hacker criminoso era diferente, eram os "garotos espinhentos no
porão". Hoje, há mais profissionalismo, diz ele, porque hackear
envolve dinheiro em muitos países. E como negócio, prospera.
Apesar de não poder afirmar se há mais mulheres começando a se
envolver em ações criminosas pela web, Marcus tem a certeza de que
elas, no campo da segurança, tendem a ser excepcionalmente
talentosas. "As mulheres envolvidas em segurança - e em malware
também - tendem a ser muito mais habilidosas que os caras", diz.
"Elas são consideradas muito mais como 'elite'".
AP
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