Mais de 400 milhões de transistores
são inseridos em chips dual-core fabricados usando o processo de
45nm da Intel. Isto em breve dobrará, de acordo com a Lei de
Moore. E isto ainda será como computar com pedrinhas em
comparação com a
computação quântica.
A computação quântica é um assunto
bem complicado - hummm, vejamos, mecânica quântica mais
computadores. Vou tentar manter isto no nível básico, mas
recentes descobertas como esta (http://tinyurl.com/m5sp4n)
provam que você definitivamente deve começar a prestar atenção
nela. Algum dia, no futuro, a computação quântica estará
quebrando códigos, operando buscas pela
internet e talvez, apenas talvez, fazendo funcionar os
nossos painéis holográficos estilo Star Trek.
Antes de entrarmos na parte quântica, vamos começar somente
com a parte "computação". Tudo se resume a
bits. Eles são a estrutura básica da informação de
computação. Eles têm dois estados - 0 ou 1, desligado ou ligado,
falso ou verdadeiro, e por aí vai. Mas dois estados definidos é
uma chave. Quando você junta um monte de bits, geralmente 8
deles, você consegue um byte. Como em kilobytes, megabytes,
gigabytes e por aí vai.
As suas fotos digitais, músicas, documentos, tudo isso não
passa de longas cadeias de 1s e 0s, segmentados em filamentos de
8 dígitos. Em função da sua estrutura binária, um computador
clássico opera de acordo com uma certa lógica que a torna
excelente para certos tipos de computação - as coisas genéricas
e básicas que você faz todos os dias - mas não tão boa para
outras, como encontrar gigantescos fatores primos (aquelas
coisas das nossas antigas aulas de matemática), que são uma
importante parte da quebra de códigos.
A computação quântica opera de acordo com um tipo diferente
de lógica - ela de fato usa a regra da mecânica quântica para
computar. Bits quânticos, chamados de qubits, são diferentes dos
bits comuns porque eles não têm apenas dois estados. Eles têm
múltiplos estados, ou melhor, superposições - eles podem ser 0
ou 1 ou 0-1 ou 0+1 ou 0 e 1, tudo ao mesmo tempo. É muito, muito
mais profundo que o velho bit comum.
A capacidade de um qubit de existir em múltiplos estados - o
combo de todos eles em superposição - abre uma porta
incrivelmente grande de possibilidades para o poder
computacional porque ele é capaz de fatorar números a
velocidades insanamente maiores que os computadores comuns.
O emaranhamento - um estado quântico que dita as correlações
estreitas entre os sistemas - é a chave para isto. É um troço
bem difícil de se descrever, então eu pedi ajuda para o Boris
Blinov, um professor do Grupo de Computação Quântica por Íons
Capturados (http://depts.washington.edu/qcomp/) da Universidade
de Washington. Ele usou o Gato de Schrödinger
(http://tinyurl.com/5zzdou) para explicar: basicamente, se você
tiver um gato dentro de uma caixa fechada e lançar gás venenoso
lá dentro, o gato ou estará morto, 0, ou vivo, 1.
Até eu abrir a caixa para descobrir, ele existe em ambos os
estados - uma superposição. Esta superposição é destruída quando
eu a mensuro. Mas suponha que eu tenha dois gatos em duas caixas
correlacionadas e eu aplico o mesmo processo. Se eu abrir uma
caixa e o gato estiver vivo, isto significa que o outro gato
também estará, mesmo que eu nunca tenha aberto aquela caixa. É
um fenômeno quântico com uma correlação mais forte do que você
consegue compreender em uma simples aula de física, e por causa
disto você pode fazer algo como algoritmo quântico - mude uma
parte do sistema e o resto responderá em consequência sem
alterar o resto da operação. Isto é parte do motivo para ela ser
mais veloz em certos tipos de cálculos.
A outra parte, explica Blinov, é que você consegue obter
verdadeiro paralelismo na computação - ou seja, de fato
processar um monte de informações em paralelo, "não como o
Windows" ou mesmo outros tipos de computadores clássicos que
prometem paralelismo.
Então, pra que a computação quântica serve?
Por exemplo, uma senha que levaria anos para se quebrar pela
força bruta usando os computadores de hoje poderia levar poucos
segundos com um computador quântico, então há um bocado de
coisas malucas para as quais os governos (em especial o dos EUA)
poderiam colocá-la em uso no campo da criptografia.
E também seria útil para os engenheiros de busca do Google,
Microsoft e outras empresas, já que você pode buscar e indexar
bancos de dados muito, muito mais rapidamente. E não devemos nos
esquecer das aplicações científicas - não é nenhuma surpresa que
os computadores clássicos sejam bem ruins para modelar mecânica
quântica. Jonathan Home, do Instituto Nacional de Padrões e
Tecnologia dos EUA, sugere que, do jeito que anda a computação
em nuvem, se você precisa executar um cálculo insano, é capaz de
preferir alugar um mainframe quântico no quintal do Google.
O motivo para ainda não estarmos detonando com os
computadores quânticos agora é que este lance quântico, neste
momento, ainda é extremamente frágil. E sempre será, já que os
estados quânticos não são exatamente robustos.
Estamos falando de trabalho com íons - em vez de elétrons -
e, se você acha que o sobreaquecimento é um problema dos
processadores atuais, você não faz a menor ideia. Na descoberta
revelada pela equipe de Home no INCT (em inglês, pelo atalho
http://tinyurl.com/lmx954) - completar um conjunto inteiro de
operações quânticas de "transporte", deslocando informações de
uma área do "computador" para outra - eles trabalharam com um
único par de átomos, usando lasers para manipular os estados dos
íons de berílio, armazenando os dados e executando uma operação
antes de transferir esta informação para um diferente local no
processador. O que permitia que funcionasse sem acabar com o
processador e perder todos os dados devido ao calor eram os íons
de magnésio refrigerando os íons de berílio conforme estes eram
manipulados. E estes lasers têm limitação do quanto podem fazer.
Se você quiser manipular mais íons, precisará acrescentar mais
lasers.
Poxa, a computação quântica é tão frágil e desajeitada que,
quando conversamos com o Home, ele disse que boa parte do
esforço é voltado para bolar métodos de correção de erros. Em
cinco anos, diz ele, nós provavelmente estaremos trabalhando com
míseras dezenas de qubits. O estágio em que se encontra agora,
diz Blinov, é "o equivalente a confeccionar um transistor
confiável" de algumas décadas atrás.
Mas isso não quer dizer que estas poucas dezenas de qubits
não serão úteis. Mesmo que elas não sejam alocadas para quebrar
códigos na Agência de Segurança Nacional dos EUA - seriam
necessários 10.000 qubits para uso em criptografia de alto nível
- ainda é poder de computação quântica suficiente para calcular
propriedades de novos materiais, coisa que seria difícil de
modelar com um computador clássico.
Em outras palavras, os cientistas de materiais poderiam já na
próxima década desenvolver um case para o iPhone 10G ou os
primórdios do próximo processador cavalar da Intel usando
computadores quânticos. Só não espere é um computador quântico
na sua mesa de trabalho nos próximos 10 anos.
(
Um agradecimento especial a Jonathan Home do Instituto
Nacional de Padrões e Tecnologia e ao professor Boris Blinov da
Universidade de Washington!)
Gizmodo