Matthew L. Wald
Muitos
das
centenas
de
trabalhadores
na
usina
nuclear
Shearon
Harris,
em
New
Hill,
Carolina
do
Norte,
se
ocupam
de
tarefas
de
alta
tecnologia
como
calibragem
de
equipamento,
monitoração
de
campos
radiativos
ou
controle
do
reator.
Mas
há
três
funcionários
de
plantão
24
horas
ao
dia
para
uma
função
que
poderia
ter
vindo
de
outro
século.
Eles
farejam
fumaça.
Caminham
quilômetros
a
cada
dia,
subindo
e
descendo
escadas
e
percorrendo
vastos
corredores
e
passagens
estreitas,
visitando
os
pontos
mais
sensíveis
pelo
menos
uma
vez
por
hora
para
garantir
que
não
tenha
surgido
um
incêndio.
"Estou
em
ótima
forma,
talvez
a
melhor
de
minha
vida",
diz
Timothy
Baldwin,
33
anos,
que
é
vigia
de
incêndio
na
usina
há
quatro
anos
e
diz
percorrer
20
km
diários,
incluindo
60
lances
de
escadas,
e
gastar
as
solas
de
três
pares
de
tênis
ao
ano.
Mas
a
Shearon
Harris
deseja
eliminar
cargos
como
o de
Baldwin,
e a
Comissão
Regulatória
Nuclear
compartilha
desse
desejo.
A
comissão,
que
regulamenta
todas
as
atividades
nucleares
dos
Estados
Unidos,
recomendou
que
as
usinas
nucleares
adotem
método
mais
sistemático
de
avaliar
riscos
de
incêndio
-
com
o
uso
de
um
programa
de
computador.
O
novo
método
permite
avaliar
todos
os
cantos
da
usina,
centenas
de
quilômetros
de
cabos
elétricos
e
dezenas
de
bombas
e
válvulas
motorizadas.
A
comissão
quer
que
essa
abordagem
substitua
suas
regras
originais,
que
dispõem
procedimentos
estritos
sem
abrir
espaço
a
análise,
disse
John
Grobe,
diretor
associado
de
sistemas
de
engenharia
e
segurança,
na
organização.
Grobe
diz
que
a
meta
é
criar
regras
"mais
informadas"
para
o
caso
de
incêndio,
concentradas
em
locais
e
sistemas
específicos
e
igualmente
importantes
para
os
funcionamentos
dos
outros
104
reatores
nucleares
para
geração
de
eletricidade
em
uso
nos
Estados
Unidos.
Em
todo
o
país,
as
usinas
agora
podem
escolher
entre
manter
os
padrões
atuais
de
segurança
contra
incêndio
da
comissão
ou
adotar
a
nova
abordagem
de
gestão
de
riscos.
Até
o
momento,
informa
a
comissão,
51
das
104
optaram
pelo
novo
método.
A
Shearon
Harris
concluirá
a
transição
em
novembro
de
2010,
diz
J.
Anthony
Maness,
superintendente
de
grandes
projetos
na
usina.
Antes
de
março
de
1975,
quando
um
incêndio
no
complexo
nuclear
de
Browns
Ferry,
controlado
pela
Tennesse
Valley
Authority,
ameaçou
negar
aos
operadores
todo
o
contato
com
as
bombas
e
válvulas
necessárias
a
controlar
a
usina,
as
autoridades
regulatórias
do
setor
nuclear
não
viam
incêndios
como
séria
preocupação.
Mas
aquela
conflagração,
a
única
ocorrida
até
hoje
no
setor
nuclear
norte-americano,
poderia
ter
resultado
em
derretimento
do
núcleo
atômico
da
usina.
Mesmo
assim,
nas
décadas
seguintes
os
avanços
em
termos
de
controle
de
incêndio
foram
modestos.
Uma
das
primeiras
soluções
foi
instalar
barreiras
contra
o
fogo
com
resistência
teórica
de
três
horas.
Mas
posteriormente
foi
provado
que
elas
falhavam
antes
do
prazo
suposto.
As
usinas
tentaram
compensar
usando
vigias
como
Baldwin,
e
outros
funcionários
encarregados
de
correr
a
determinados
postos
e
operar
bombas
e
válvulas
manualmente,
caso
os
cabos
elétricos
que
as
conectam
ao
posto
de
controle
se
queimem
em
um
incêndio.
"O
problema
nunca
foi
resolvido
a
contento",
diz
Gregory
Jaczko,
que
assumiu
em
meio
a
presidência
da
Comissão
Regulatória
Nuclear
e
deu
prioridade
à
proteção
contra
incêndio.
Nos
anos
posteriores
ao
incêndio
em
Browns
Ferry,
causado
por
um
eletricista
que
estava
usando
uma
vela
para
localizar
um
vazamento
de
ar,
a
comissão
impôs
algumas
regras
bastante
específicas,
As
usinas
já
contam
com
sistemas
duplicados,
mas
a
comissão
decidiu
que
os
cabos
da
sala
de
controle
às
bombas
alternativas
teriam
de
seguir
rotas
diferenciadas,
e
ficar
separados
por
uma
determinada
distância
ou
barreira
antifogo.
Algumas
usinas
seguiram
as
regras
à
risca,
e
outras,
como
a
Shearon
Harris,
foram
autorizadas
a
continuar
operando
se
adotassem
medidas
compensatórias,
como
patrulhas
de
incêndio
ou
formação
de
equipes
para
controle
manual
de
válvulas
e
bombas,
em
caso
de
incêndio.
A
adoção
do
novo
método
de
análise
de
risco
é
recebida
positivamente
pelo
setor
mas
não
por
alguns
de
seus
críticos.
Edwin
Lyman,
cientista
sênior
da
Union
of
Concerned
Scientists,
grupo
que
protege
a
segurança
ambiental,
diz
que
os
analistas
poderiam
nem
sempre
antecipar
a
gama
plena
de
riscos
em
uma
dada
usina.
"A
abordagem
que
a
comissão
deseja
é
usar
a
varinha
de
condão
da
análise
de
riscos,
para
remover
muitas
das
regras
atuais
de
segurança",
afirma.
Para
ele,
estimar
o
risco
de
um
evento
capaz
de
causar
incêndio
é
difícil,
porque
o
histórico
de
incidentes
desse
tipo
é
mínimo.
"Precisamos
de
uma
¿defesa
em
profundidade¿
para
compensar
aquilo
que
não
sabemos",
ele
afirmou,
tomando
de
empréstimo
a
expressão
que
o
setor
nuclear
emprega
para
promover
suas
regras
padronizadas
de
segurança.
Mas
Jaczko
afirma
que
está
encorajado
por
tantas
usinas
optarem
pela
análise
de
riscos,
em
lugar
de
se
apegarem
aos
padrões
atuais.
A
proteção
contra
incêndios
"é
uma
daquelas
questões
perenes
que
precisam
enfim
ser
resolvidas",
disse.
tradução:
Paulo
Migliacci
ME
The New York Times