A pesquisa publicada na Nature Medicine foi realizada em ratos e é bastante inicial, mas seus resultados são promissores.
A idéia de criar um órgão a partir de outro pode parecer contraditória – afinal, por que não utilizar o primeiro para um transplante? Mas o problema é que, no Brasileno mundo, muitos órgãos são descartados todos os anos por não serem compatíveis com receptores.
Para se ter uma idéia da necessidade de órgão, no Brasil, no 1º semestre de 2009, foram realizados 602 transplantes de fígado, de acordo com o Ministério da Saúde. Nesta mesma época, a fila de espera era de 4.304 pessoas.
Portanto, ao invés de descartados, os órgãos
incompatíveis serviriam como base para a criação de um novo
fígado. No futuro, com o avanço das pesquisas com células
tronco, poderia ser possível inserir material do próprio
receptor neste “molde” e recriar um órgão especificamente
para ele.
A técnica de “descelular” os órgãos começa com um fígado de doador sendo “lavado” para que saiam as suas células. O que resta é apenas o colágeno e o sistema vascular, criando uma moldura que servirá para o crescimento de novas células.
Depois de ficar somente com a moldura, os cientistas injetaram 200 milhões de células saudáveis de fígado nela. Elas se espalharam pelo e suporte e, com um fornecimento artificial de sangue, o fígado reconstruído sobreviveu em uma placa de petri por 10 dias.
A vantagem de manter essa moldura biológica é que ela contém sinais bioquímicos e “dicas” que redirecionam as células colocadas para suas posições e estabelece funções – um processo bem difícil de ser imitado com tecidos artificiais.
Estudos mostraram que o novo fígado também era capaz de quebrar toxinas mesmo quando ligado novamente a um rato. Mesmo que por apenas algumas horas, o funcionamento do órgão representa um grande avanço.
Ainda seria necessário criar um fígado com todas as células funcionais, incluindo as especializadas em destruir bactérias e outros invasores.