Físicos austríacos construíram aquele que
parece ser o primeiro simulador quântico
prático, uma ferramenta longamente sonhada
pelos cientistas que estudam os blocos
básicos que formam a matéria.
Estudo dos fenômenos quânticos
Incontáveis fenômenos se baseiam na
natureza da física quântica: a estrutura dos
átomos e das moléculas, as reações químicas,
as propriedades dos materiais, o magnetismo
e, possivelmente, também alguns processos
biológicos.
Como a complexidade dos fenômenos
quânticos aumenta exponencialmente quando se
aumenta o número de partículas envolvidas, o
estudo detalhado desses sistemas complexos
atinge limites práticos muito rapidamente.
Os computadores atuais simplesmente não
conseguem lidar com a quantidade de cálculos
necessários para simular esses fenômenos.
Para superar essas dificuldades, os
físicos vêm trabalhando no desenvolvimento
de simuladores quânticos em várias
plataformas - átomos neutros, íons ou
sistemas de estado sólido.
Simuladores quânticos
Com os simuladores quânticos, os estudos
poderão ser feitos experimentalmente em
laboratório, onde o próprio arranjo quântico
se encarregará de resolver as complexidades
inerentes ao seu funcionamento.
Como se espera que aconteça nos
computadores quânticos
do futuro, esses simuladores utilizam a
estranha natureza da física quântica para
controlar essa complexidade.
O grande desafio é isolar o simulador
quântico da natureza ao seu redor.
Os distúrbios induzidos pelo ambiente
provocam perda de informações nos sistemas
quânticos e destroem efeitos importantes,
como o
entrelaçamento
e a
coerência.
Sistema quântico aberto
O grupo austríaco agora desenvolveu o
primeiro simulador quântico na forma de um
sistema aberto.
Em vez de lutar contra os distúrbios
ambientais, Julio Barreiro e seus colegas da
Universidade de Innsbruck resolveram tirar
proveito deles e construíram um simulador
quântico que tira proveito de um acoplamento
controlado com o ambiente.
Eles utilizaram um íon adicional que
interage com o sistema quântico e, ao mesmo
tempo, estabelece um contato controlado com
o ambiente, beneficiando-se de um mecanismo
chamado dissipação.
"Nós controlamos não apenas todos os
estados internos do sistema quântico
composto por até quatro íons, como também
sua ligação com o meio ambiente," explica
Barreiro.
Esses íons são os mesmos qubits usados em
experimentos da
computação quântica,
que poderá ter um novo impulso com o uso da
nova ferramenta.
Amplificação dos efeitos
quânticos
O resultado surpreendente é que, usando a
dissipação, os pesquisadores são capazes não
apenas de gerar, mas também de intensificar
efeitos quânticos como o entrelaçamento.
Mesmo sendo um sistema pequeno, o
simulador agora demonstrado poderá ser usado
como elemento fundamental na construção de
simuladores quânticos mais sofisticados,
capazes de lidar com os problemas mais
complexos da física quântica.
Por exemplo, na preparação dos chamados
estados de muitos corpos, que até hoje só
podem ser criados e observados em sistemas
quânticos muito bem isolados, no estudo da
incipiente
atomotrônica
e na investigação de outros sistemas de
dinâmica quântica virtualmente inalcançáveis
pelos experimentos até agora.