Os chamados "Root Raters", páginas das redes sociais
criadas na Austrália e utilizadas para pontuar e
comentar um encontro sexual, tornaram-se uma
potencial ferramenta de difamação entre
adolescentes.
A consultora em segurança na web Susan McLean
explica à Agência Efe que "aparentemente este
fenômeno teve origem na Austrália ou é
predominantemente australiano" e foi inspirado nas
conversas picantes que circulam no Facebook e em
outras redes sociais similares.
Os usuários destas páginas podem dar anonimamente
uma pontuação de 1 a 10 a um encontro sexual ou "root"
(uma gíria vulgar australiana) e inclusive podem
emitir opiniões humilhantes sobre o tamanho dos
órgãos genitais e a aparência de certas partes do
corpo.
Na Austrália, por exemplo, o "Root Rater" no
Twitter convida os usuários a "compartilhar" um
encontro "fantástico" identificando a pessoa e sua
cidade, além de dar uma pontuação e detalhes do ato
mediante o anonimato de quem comenta.
"Tamanho decente (do pênis)", "grande traseiro" e
"nota 9 porque não foi suficiente" estão entre os
comentários mais moderados feitos neste tipo de
páginas que aparecem e desaparecem rapidamente
porque muitas vezes são fechadas pelas próprias
redes sociais ou denunciadas às autoridades.
Centenas de adolescentes na Austrália visitaram e
deixaram seus comentários nestas páginas que
surgiram há poucos meses e tendem cada vez mais a se
concentrar em uma região geográfica pequena, como
uma escola ou um bairro.
Os escândalos em torno dos "Root Raters" se
sucedem na Austrália e preocupam pais, professores e
autoridades.
Nesta semana foi fechado um destes sites nos
balneários do norte de Sydney que já contava com 1,2
mil usuários, entre eles alunos de várias escolas da
região, informou o jornal "Sydney Morning Herald".
Neste "Root Rater" há comentários de uma
adolescente com "muitos pelos" e de outra "sempre
disposta" a fazer sexo, o que motivou a diretoria
das escolas a abrir uma investigação sobre o caso.
Apesar da crueldade e da vulgaridade dos
comentários, quase dois terços do que os
adolescentes publicam nos "Root Raters" é
"remotamente verdade", afirma McLean, que foi a
primeira agente da Polícia do estado australiano de
Victoria a se especializar em segurança na internet.
Muitos dos jovens não tiveram os encontros
sexuais que relatam nas redes, mas divulgam nomes e
fotos com o fim de ferir e humilhar as vítimas dos
comentários, destaca a especialista.
O jornal "The Northern Star" publicou neste mês o
caso de Renee Joslin, uma jovem de 18 anos, que fez
uma dura crítica sobre este tipo de atividades no
site "Lismore Root Rater" e, em dez minutos, já
havia comentários sobre seus atributos sexuais.
Tanto as autoridades australianas quanto os
especialistas advertem que aqueles que fazem
comentários nestas redes sociais podem ser acusados
de difamação, assédio sexual ou punidos por violar
uma lei federal sobre o uso de internet para
ameaçar, ofender ou intimidar uma pessoa.
Os adolescentes, cada vez mais imersos no uso das
novas tecnologias, passam a utilizar este tipo de
páginas de forma "impulsiva" e "instantânea",
enquanto os adultos consideram que esta atividade
pode ser "divertida", avalia McLean.
Agencia EFE