"Isso vai ajudar a desenvolver
uma cultura de escutar (...), um
rosto diferente da cultura do
silêncio", disse Dumortier,
reitor da Pontifícia
Universidade Gregoriana, onde se
realizou a conferência.
Uma
associação de vítimas de abusos
disse, sem comentar diretamente
o projeto para a internet, que a
conferência em Roma foi uma mera
"vitrine", e que o melhor que o
Vaticano tinha a fazer seria
entregar ao Tribunal Penal
Internacional (TPI), em Haia,
toda a documentação que possuir
sobre os abusos.
Há anos as vítimas dos abusos
acusam alguns bispos de
acobertarem os casos de
pedofilia, que têm abalado a
imagem da Igreja no mundo todo.
Na quarta-feira, monsenhor
Charles Scicluna, principal
autoridade eclesiástica para a
questão dos abusos, disse que
escondê-los por trás da cultura
da "omertà" - o código de
silêncio da Máfia - seria fatal
para a Igreja.
O simpósio reuniu cerca de
200 pessoas, incluindo bispos,
líderes de ordens religiosas,
vítimas de abusos e psicólogos.
Alguns participantes viram o
evento como um ponto de inflexão
na abordagem da Igreja para a
crise.
"A Igreja agora tem uma base
a partir da qual começar", disse
Brendan Geary, da ordem dos
Irmãos Maristas. "Começamos
ouvindo as vítimas e escutando
suas experiências. Asseguramos
que a Igreja tenha os mais
elevados padrões para a proteção
das crianças."
O "Centro para a Proteção
Infantil" criado na internet
terá a colaboração de
universidades e instituições
médicas para desenvolver o que a
Igreja espera que seja uma
resposta permanente aos
problemas de abusos sexuais, com
material em alemão, inglês,
francês, espanhol e italiano.
A mensagem dos representantes
do Vaticano que participaram do
simpósio é a de que funcionários
eclesiásticos locais devem
cooperar com as autoridades
civis em casos de suspeita de
pedofilia, cumprindo as leis de
cada lugar.
Os escândalos resultaram em
custosas ações judiciais e são
vistos como responsáveis por um
êxodo de fiéis em alguns países
europeus, inclusive a Alemanha,
terra do papa Bento 16.