Uma briga que envolveu cerca de 300 torcedores do Palmeiras e do Corinthians
– times que se enfrentam pelo Campeonato Paulista – deixou um jovem de 21 anos
morto e outro ferido na manhã de ontem (25/03) em São Paulo. Para tentar
diminuir a violência do futebol, ao menos nos estádios, a Federação Paulista, em
conjunto com a Polícia Militar de São Paulo, começou ontem mesmo a testar um
moderno sistema de monitoramento de estádios.
Por meio de um software israelense de
biometria facial, o torcedor tem seu rosto registrado na chegada e passa a
ter seu comportamento na arquibancada vigiado à distância por meio do zoom de
câmeras de alta definição. O sistema é semelhante a alguns já implantados em
estádios europeus. Antes do jogo de ontem, ele já tinha sido utilizado em três
partidas este ano (Corinthians x São Paulo, Palmeiras x Ajax e Palmeiras x
Oeste), com apoio da Federação Paulista de Futebol e da Polícia Militar.
"Por se tratar de um projeto piloto, perguntamos à Federação e espalhamos seis
câmeras nos locais mais sensíveis (onde geralmente ocorrem confusões) do
estádio", explica Anderson Luiz Carvalho, gerente de marketing do Grupo Policom,
uma das três empresas envolvidas no projeto, ao lado da Abex Brasil e da NNW. A
biometria, utilizada também em grandes eventos, aeroportos e até na fronteira de
Israel, é capaz de identificar o torcedor que se envolveu em uma confusão por
meio de um vídeo. "Não é necessariamente preciso espalhar câmeras pelo estádio
todo. Posso analisar a imagem e, a partir dela, chegar à identificação do
suspeito. A ideia é coibir a entrada de brigões nos estádios", completa.
Para o coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, presidente da comissão de
arbitragem, a identificação do torcedor servirá para punir os culpados
envolvidos nas confusões e pôr fim à sensação de impunidade. "Não tem como fugir
do sistema, e quando todas as entradas estiverem vigiadas o problema estará
praticamente resolvido", disse.
A intenção é que, em posse de imagens ao vivo ou gravadas de eventuais confusões
– não apenas brigas, mas também roubo de carteiras, uso de drogas –, a polícia
construa uma base de dados com torcedores problemáticos reconhecidos a partir de
biometria facial. Todas as pessoas são registradas por câmeras de 2
megapixels na entrada e vigiadas com nitidez por outras de 16 e 29 megapixels
dentro do estádio.
"Temos hoje uma legislação moderna. O que falta realmente é um serviço de
inteligência como esse", elogiou Paulo Castilho, promotor do Ministério Público
de São Paulo. "Precisamos colocar esses marginais, maus torcedores, que na
verdade são bandidos, atrás das grades. Isso é uma responsabilidade do Estado",
conclui.
Este tipo de medida já foi utilizada em estádios da Europa e em competições como
a Champions League e a Liga Europa.
Olhar Digital