Programa adaptávelPesquisadores do Instituto de
Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, estão
desenvolvendo uma solução computacional que permite que a interface de
telefones celulares seja adaptada às necessidades dos idosos.
O sistema desenvolvido por Jó Ueyama e Vinícius Gonçalves, chamado
FlexInterface, detecta problemas de utilização e oferece uma
reconfiguração na interface do dispositivo, adequando-se ao perfil do
usuário idoso.
Segundo os pesquisadores, os celulares são geralmente desenvolvidos
para a população jovem, enquanto os idosos, além de terem um perfil de
utilização muito diferente, geralmente possuem restrições visuais e
auditivas.
"Nossa proposta é ter a interface se adaptando ao perfil de cada
usuário", conta o professor Ueyama. "Por exemplo, para um usuário com
déficit de visão, o sistema consegue detectar esse problema e
disponibilizar ao idoso uma fonte e um teclado maior para permitir que
ele conclua sua tarefa".
Interfaces flexíveis
O FlexInterface não é exatamente um aplicativo, mas um programa com
funcionalidade genérica - um framework -, que dá suporte ao
design e desenvolvimento de interfaces flexíveis, permitindo que a
aplicação vá ao encontro das necessidades do usuário durante sua
interação com o dispositivo.
O sistema é baseado no middleware (programa que faz a mediação
entre sistema operacional e os aplicativos) OpenCom, da Universidade de
Lancaster (Inglaterra), e foi desenvolvido para o sistema operacional
Android.
"Com o FlexInterface é possível detectar a dificuldade de cada
usuário com base na entropia da cadeia de Markov. Por exemplo, na
ocorrência de três erros de digitação, o sistema adapta-se com letras
maiores para facilitar a visualização," explica Vinícius.
Teste de campo
Outro ponto interessante é que a pesquisa não trata somente da
proposta, mas também busca testar a solução.
Os pesquisadores perceberam que ainda não há um método específico
para avaliar interfaces flexíveis de usuários idosos, então propuseram
em seu trabalho uma abordagem para avaliá-las.
Durante os experimentos, os pesquisadores observaram idosos de vários
perfis, classes sociais e níveis de escolaridade. Frente à diversidade
de requisitos apresentada por esses indivíduos, investiu-se em esforços
para o desenvolvimento de soluções que contemplem o maior número
possível de usuários.
Para sair dos laboratórios, a professora Vânia Neris, que também
compõe a equipe, está coordenando um projeto para a avaliação do novo
sistema junto ao Centro de Referência de Assistência Social, entidade
que trabalha com idosos na cidade de São Carlos.