"É um processo que toma tempo, mas quanto mais integrados estivermos, mais fácil dar uma resposta rápida a alguma situação crítica", afirmou o coronel, que toma como exemplo o trabalho feito durante a Rio+20, conferência global sobre desenvolvimento sustentável realizada em junho com tranquilidade.
No evento da ONU, a segurança das redes estava a cargo de uma empresa privada, mas tinha a coordenação do CDCiber, que montou uma estrutura de monitoramento em tempo real.
"A parceria com a iniciativa privada é importante. Durante a Rio+20 conseguimos elaborar um modelo de atuação e foi possível levantar o modus operandi de alguns hackers que tentaram atacar a rede do evento. Chegamos a alguns envolvidos, que foram denunciados pela Polícia Federal, mas o juiz encarregado não tocou o processo porque avaliou que a periculosidade deles não era grande. Num evento ainda maior como a Copa, pode ser diferente", explicou Santos.
O coronel esteve em Londres durante a Olimpíada e viu um sistema de monitoramento muito parecido com o que o Brasil tem. "Eles têm integração entre as forças armadas, marinha e aeronáutica e o importante é que também contam com empresas privadas, que dão suporte tecnológico e de infraestrutura." No próximo mês, encarregados da segurança cibernética dos Jogos de Londres virão ao Brasil para um seminário.
José Carlos dos Santos tem na ponta da língua exemplos malfadados em que a segurança cibernética falhou e causou grandes transtornos. Conta que a primeira vez que ocorreu uma paralisação em larga escala foi na Estônia, em 2007, país onde a Otan instalou um centro de referência.
Um dos casos mais enigmáticos, no entanto, aconteceu na Geórgia, no ano seguinte. "Houve uma paralisação da rede precedendo um ataque físico russo. O ataque paralisou a internet georgiana com o objetivo muito claro de evitar repercussões do ataque físico, amordaçar a sociedade georgiana", conta o general, que acha improvável que possa ocorrer algo semelhante no Brasil, embora o país já esteja se preparando. "A questão era mais crítica na Inglaterra, onde há muitos terroristas, mas nem lá eles conseguiram."
José Carlos dos Santos brinca que já tem uma carta de exoneração na gaveta, caso alguma coisa dê errado. "É um trabalho de grande responsabilidade, mas acredito que estamos no caminho certo. Temos sido requisitados por vários países, inclusive os Estados Unidos. Isso mostra que nossos modelos estão funcionando."