Com o aumento das influências da tecnologia nos
processos de recrutamento das empresas, entrevistas
individuais para conseguir um emprego parecem cada
vez mais coisas do passado.Entre as novidades,
estão jogos de computador, onde o candidato tem que
escolher entre várias opções, ou achar soluções para
problemas diante de um olhar inquisidor do chefe
virtual. Outro programa grava pela webcam as
respostas do candidato a perguntas.
Especialistas apontam que o contato humano deverá
ser muito reduzido nos processos seletivos.
"Entrevistas presenciais vão cada vez mais ficar
restritas às partes finais das etapas de
contratação, porque demandam muito tempo e custos
para ambas as partes", diz o consultor de
recrutamento no grupo BIE, Gordon Whyte.
No entanto, ele não acredita que encontrar
pessoalmente com o futuro contratado vai desaparecer
completamente do processo. "Você pode imaginar
contratar alguém para liderar uma organização, ou
para uma posição de atendimento presencial ao
cliente sem nunca ter visto o candidato
pessoalmente?
Automatizado
Isto significa que quem busca emprego vai ter que
observar muito mais cuidadosamente aos anúncios da
vaga, pois muitas firmas já usam sistemas que
analisam os currículos em busca de palavras-chave.
"Ninguém lê mais 500 currículos, tudo está
automatizado", revela Whyte.
Ele diz que os candidatos podem aumentar em muito
sua chance de conseguir o emprego ao entender as
ferramentas usadas pelas empresas para filtrar as
inscrições. Entre elas, estão softwares capazes de
detectar inconsistências nos currículos.
A empresa de recursos humanos NorthgateArinso
desenvolveu um programa que cruza dados e informou
que foram encontradas mentiras em 71% das
informações fornecidas por candidatos. Embora o
contato humano esteja diminuindo nos processos
seletivos, paradoxalmente, as novas tecnologias
permitem construir mais relacionamentos com futuros
interessados a vagas de emprego.
Parece ser apenas uma questão de tempo até que as
redes sociais desempenhem um papel de liderança no
recrutamento, por meio da criação de "bancos de
talentos digitais". Os empregadores estão
aprimorando o uso destas redes.
"O recrutamento social pelo LinkedIn, Facebook,
Twitter e outras mídias permite as empresas melhorar
exponencialmente o círculo de talentos potenciais ao
estimular funcionários a compartilhar ofertas de
empregos com seus contatos relevantes", diz Dann
Finnigan, CEO da empresa de recursos humanos Jobvite.
Ele diz que este processo é mais rápido, barato e
resulta na contratação de pessoas mais compatíveis
com a cultura da empresa. Com isso, quem busca
emprego terá que ter uma postura nas redes sociais
condizente com a posição que almejam.
No entanto, Gordon Whyte acredita que há limites
no uso da tecnologia. "Comunicação não-verbal e
física, habilidades de persuasão entre outras ainda
requerem pessoas reais, aptas a encontrá-las",
conclui ele.
BBC Brasil