Em entrevista à
DW
Brasil, o
diretor-executivo da ANJ,
Ricardo Pedreira,
esclareceu inicialmente
que a ANJ não obrigou
ninguém a se retirar do
Google News. "Não temos
o poder nem a atitude
para isso." Segundo ele,
a ANJ apenas recomendou
seus afiliados a
desautorizar o Google
News de mostrar as
notícias. A intenção é
obrigar o portal a
dividir com as editoras
dos jornais o lucro que
obtém exibindo o
conteúdo destas.
Um
ano sem Google News
Conforme a ANJ, seus 154
membros representam
cerca de 90% dos jornais
diários do Brasil. A
maioria deles incluindo
os principais jornais
brasileiros, como a
Folha de S. Paulo,
O Globo e O
Estado de S. Paulo
já seguem a recomendação
há pelo menos um ano.
"O número de acessos
aos sites dos jornais
brasileiros teve uma
perda pequena, inferior
a 5%, com a saída do
Google News", declarou
Pedreira. "Consideramos
que esse é um preço que
vale a pena diante da
defesa que estamos
fazendo do nosso
conteúdo e do valor das
nossas marcas
jornalísticas."
O caso voltou à tona
depois que o Centro
Knight para o Jornalismo
nas Américas, da
Universidade do Texas,
publicou em seu site, na
quinta-feira passada,
uma matéria com
declarações do
presidente da ANJ,
Carlos Fernando
Lindenberg Neto. A
matéria falava sobre um
painel na Assembleia da
Sociedade Interamericana
de Imprensa (SIP), que
aconteceu entre 12 e 16
de outubro em São Paulo,
no qual Judith Brito,
superintendente do grupo
Folha, debateu o tema
com Marcel Leonardi,
diretor de políticas
públicas do Google.
Brito foi antecessora
de Lindenberg Neto na
ANJ e havia anunciado a
recomendação, defendendo
a participação das
editoras nos lucros do
Google. Segundo as
declarações de
Lindenberg Neto,
Leonardi teria
respondido que era como
se o dono de um
restaurante exigisse
participação nos lucros
do motorista de táxi que
lhe traz clientes.
Na argumentação da
ANJ, as coisas não se
dão dessa maneira.
Segundo Pedreira, os
usuários se satisfazem
com a leitura da notícia
no Google News e não
clicam na página dos
jornais. Primeiramente,
a associação tentou
chegar a um acordo com o
mecanismo de busca: o
Google News aceitou
exibir só uma linha da
notícia. Mas a mudança
também não atingiu o
efeito desejado, disse
Pereira. Assim, a ANJ
recomendou aos
associados a retirada
total das notícias do
Google News.
Dúvida sobre os
resultados da ação
"A exibição pelo Google
News não pode ser um
resumo da notícia
original, mas despertar
o interesse do usuário
para continuar a leitura
na página de origem,"
declarou o advogado de
direitos autorais alemão
Felix Stang à DW
Brasil. Ele também
participou do painel em
São Paulo.
"Mas isso não é do
interesse do mecanismo
de busca, e como o
Google tem um quase
monopólio em diversos
países, recusa-se a
negociar com as editoras
uma modalidade de uso do
conteúdo editorial."
Stang colocou o debate
brasileiro num contexto
internacional. "O
problema existe em
muitos países. Também na
Alemanha as editoras
querem garantir seus
direitos sobre serviços
de Internet, como o
Google."
Para ele, não é certo
que os jornais
brasileiros serão
bem-sucedidos com a
decisão. "Mas, de
qualquer forma, é
importante que somente
as editoras tenham o
direito de decidir sobre
a comercialização de seu
conteúdo por terceiros.
Para esclarecer essa
situação, o governo
alemão apresentou um
projeto para proteger os
direitos de copyright
das editoras." A questão
deve agora ser debatida
pelo Bundestag (câmara
baixa do Parlamento