"A educação ao redor do mundo inteiro é terrível. Nós educamos para um
contexto que não existe mais", defendeu Marc Prensky, escritor, consultor,
inovador e visionário da educação, em sua palestra, nesta terça-feira, 29, na
Campus Party.
O educador é famoso por cunhar os termos "nativos digitais" (pessoas que
nasceram contextualixadas com a tecnologia) e "imigrantes digitais" (nascidos em
épocas passadas e que se adaptaram às inovações). Prensky dá palestras sobre
educação ao redor do mundo e já escreveu uma série de livros, o mais recente
deles batizado de "Brain Grain: Technology and the Quest for Digital Wisdom".
Prensky acredita que, como o modo de ensinar muda muito rapidamente, as crianças
já são capazes de ensinar umas às outras pela própria internet. "A internet
precisa ser a educação primária", comenta. "O problema é que as pessoas têm medo
de mudança. Por isso, eu não gosto de utilizar o termo ‘mudar’, e sim ‘adaptar’.
Quando o mundo muda, os homens sabem que eles devem se adaptar. É isso o que
humanos fazem", completa.
Isso não significa que as salas de aula acabaram ou devem acabar. Para o
estudioso, as aulas ainda vão existir por muito tempo. O mundo digital é apenas
uma plataforma (muito importante) para as mudanças educacionais. Ainda há
aspectos na educação, como empatia, escolhas e motivação, que a tecnologia não
pode prover por si só.
"As ferramentas se transformam, as qualidades não", afirmou. "Novos métodos não
são suficientes, nós precisamos mudar também o que nós ensinamos", acrescenta.
A questão, segundo ele, é que ainda "devemos decidir o que fazer com a
tecnologia". Prensky defende que os meios digitais podem ser utilizados de duas
formas: a trivial, que funciona como uma adaptação do que fazíamos no passado,
como, por exemplo, deixar de escrever no papel para digitar em um tablet. E a
'poderosa', quando utilizamos as inovações para realizar ações que simplesmente
não podíamos fazer antes.
Prensky acredita plenamente que a criança é capaze de se tornar autoditata com a
tecnologia. O educador acredita a grade deveria ser toda reformulada e as
matérias básicas, alteradas. Ele ainda alerta que os professores devem apenas
guiar os alunos pela tecnologia, mas são os pupilos que irão entender mais sobre
o assunto.
Olhar Digital