Apesar do aumento nos últimos anos do número de empresas tecnológicas
iniciantes, também conhecidas como start-ups, o Brasil está longe do que pode
ser considerado uma bolha especulativa, disseram empresários durante um painel
sobre o tema na Campus Party.
"Em 2010, foram fundadas 70 start-ups; no ano seguinte foram 2.000. Mas o Brasil
ainda tem muito a crescer nessa área", diz Marcelo Sales, fundador da 21212,
grupo que investe em companhias iniciantes.
"O Brasil ainda está engatinhando [em empresas de tecnologia iniciantes]", diz
Carlos Pessoa Filho, diretor da incubadora Wayra.
Para Pedro Waengertner, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e
Marketing) e fundador da Aceleratech, há a falsa impressão de que o país está
vivendo uma expansão descontrolada na área, em parte por causa do emprego
incorreto de jargões.
"Muita gente se diz investidor-anjo,
mas não sabe investir", diz Waengertner, referindo-se à classificação dada a
investidores que aplicam em empresas iniciantes.
Para ele, o Brasil --ou uma região dele-- nunca poderá ser equiparado ao Vale do
Silício, porção da Califórnia que é conhecida por sediar companhias de internet
e universidades que têm renome em empreendedorismo.
"A gente nunca vai conseguir emular o Vale do Silício, porque ali há
circunstâncias muito singulares. Os americanos tentam replicá-lo em outras
regiões dentro do próprio país e não conseguem. Imagine aqui", diz.
Waengertner, por outro lado, diz estar satisfeito com o desenvolvimento das
empresas tecnológicas brasileiras. "Fico muito feliz quando fico sabendo que uma
aceleradora [incubadora de start-ups] está surgindo no Norte, no Nordeste."
Folha Online