Os
afrodisíacos são uma grande mentira
E-mail: Oswaldo
M.Rodrigues Jr
Na busca do sucesso sexual e da fertilidade: a lua e, tudo que existe
abaixo dela, passou a ter sentido afrodisíaco. Neste início de milênio,
temos visto aumentar muito a apresentação de substâncias "afrodisíacas".
Pode-se até comprar pelo correio... As farmácias têm vários destes
"remédios". Revistas, anúncios em outdoors buscam vender o
sonho de um sexo melhor e que supere os problemas do casamento!
O afrodisíaco
é uma comida, bebida, droga, perfume ou objeto, assim afirmam os seus
vendedores, que promovem a excitação ou o desejo de sexo.
Definições
mais abrangentes incluem produtos que melhoram o desempenho sexual de uma
pessoa. Muitos elementos integram a lista dos afrodisíacos: adrenalina,
licores, escalopes, moscas de frutas, partes de animais (especialmente os
difíceis de serem apanhados), aromas exóticos, e quase tudo que contém
álcool...
Afrodite
O nome vem
da deusa grega Afrodite: deusa do amor físico, da beleza. Como Afrodite
nasceu do mar, muitos alimentos de origem marinha têm recebido reputação
de afrodisíaco: ostras, anchovas...
Associações
e sociedades médicas e sexológicas afirmam que as substâncias que
alegadamente produzem efeitos sexuais, não trazem nenhuma prova científica
para que o efeito ocorra. Nesse aspecto, não servem para tratar qualquer
tipo de disfunção sexual.
Tempos
ancestrais
Há mais de
5000 anos, culturas humanas buscam a melhoria do desempenho sexual através
de plantas, drogas e magia. Mesmo que existam provas de que os afrodisíacos
não sejam efetivos e, algumas vezes até perigosos, as pessoas ainda
continuam a procurar estas substâncias para alcançar o sucesso sexual.
Existem
alguns princípios para desmistificar algumas visões culturais sobre
afrodisíacos. Algumas vezes a reputação lendária da substância é
muito óbvia em sua falsidade. É fácil imaginar como é que órgãos
sexuais de animais (bodes e coelhos) são considerados afrodisíacos,
quando são associados à reprodução e capacidade de grande fertilidade,
e passam a gozar de um status de auxílio amoroso em várias culturas.
Pimentas,
curry, comidas carregadas de especiarias e temperos têm a reputação de
serem afrodisíacos. Muitas vezes devido ao efeito fisiológico: aumento
das batidas do coração, suor... que são similares aos sinais de excitação
sexual e a maneira como muitas pessoas se sentem durante a atividade
sexual.
Chocolate
já foi considerado afrodisíaco
Algumas
comidas foram glorificadas como afrodisíacos por serem raras ou
misteriosas... O chocolate foi considerado afrodisíaco por alguns séculos,
até que passou a ser comum na cultura ocidental.
Muitos povos
antigos acreditavam na "lei da similaridade", o que os faziam
crer que objetos semelhantes aos órgãos genitais teriam efeitos sexuais.
Então sabemos do ginseng, o chifre do rinoceronte e as ostras, para citar
alguns clássicos...
O
"poder" do ginseng
Ginseng é
uma palavra chinesa que significa raiz do homem. A reputação de
afrodisíaco deve advir da similaridade que a raiz tem com a forma de um
corpo humano. Há séculos que esta raiz é usada como revigorante na
China, Coréia, Tibete, Indochina e Índia. Esta raiz tem um efeito
estimulante fraco, igual ao café. Alguns estudos chegaram a demonstrar
algum efeito sexual em animais pequenos de laboratório, mas nenhum efeito
em humanos foi demonstrado até o momento.
O
poder do chifre
A
similaridade do formato do chifre do rinoceronte com o pênis é o que lhe
deu a reputação mundial de aumentar o desejo de sexo. O chifre contém
uma porção significante de cálcio e fósforo. Numa dieta pobre nestas
substâncias conduz ao maior vigor físico e possível melhoria do
interesse sexual.
Não existem
provas de que o chifre do rinoceronte, o ginseng ou as ostras tenham algum
efeito sobre a reação sexual humana. Será que temos alguma comida que
realmente possa ser considerada afrodisíaca?
Pensamento
é o maior afrodisíaco
Muitos
pesquisadores e sexólogos já afirmaram e continuam afirmando que o
pensamento é o maior afrodisíaco que existe. Quando se fala que uma
comida é afrodisíaca, quem estiver comendo já passará a se predispor
ao efeito afrodisíaco.
As
expectativas começam a ser criadas, a pessoa pensa sobre o que pode
ocorrer e a própria fantasia da pessoa assume o controle e os efeitos
ocorrem. Efeitos sexuais acontecem quando supomos que uma comida ou bebida
tem efeitos sexuais. Os efeitos acontecem porque desejamos que aconteçam.
Outra questão
importante na substância "afrodisíaca" é que ela pode não
produzir efeitos sexuais específicos, mas pode alterar o humor e fazer
com que a pessoa sentindo-se melhor, apresente desejo e disposição
sexuais. Um exemplo é o álcool, o qual muitos chegam a chamar de
"lubrificante social".
O álcool é
bebido por muitas razões: relaxar, diminuir ansiedade, ganhar autoconfiança,
passar por cima de depressão... O álcool pode parecer um afrodisíaco em
pessoas ansiosas que o tomem para ficarem mais relaxadas...
O álcool é
um depressor que traz a sensação de melhorar o desejo, mas que destrói
o desempenho (William Shakespeare já havia escrito isto há mais de 300
anos numa peça de teatro...). Com o excesso o álcool destrói o desejo
também..
Afrodisíacos
podem matar
Não pense
que os afrodisíacos são inofensivos. Várias das substâncias afrodisíacas
podem até matar, dependendo da quantidade que é usada e por quanto tempo
é usada.
Vejamos a
chamada "mosca espanhola", a cantárida. Este é um dos mais
antigos e lendários afrodisíacos. O pó, ou líquido, vendido em muitos
lugares, é feito de um besourinho seco. Muitos homens que o usam vão
falar de sensações genitais, sexuais, e de uma melhoria das condições
eréteis... Isto é causado por uma irritação urogenital que provoca
maior afluxo, de sangue para a região genital e base peniana. Óbvio não
estamos falando de uso em uma única vez, mas de uso contínuo e
prolongado.
Procure
um especialista
Se a pessoa
está procurando um afrodisíaco para resolver um problema sexual, o
melhor caminho é encontrar um especialista que auxilie a resolver de fato
o problema. Crer no profissional e entregar-se, é o grande passo para não
mais ter problemas sexuais. A vergonha que impede a procura do
especialista, imaginar saídas mágicas ou apenas ficar na tentativa com
poções e drogas com efeitos duvidosos não será o melhor caminho...
Oswaldo
M. Rodrigues Jr: Psicólogo
formado pela Universidade São Marcos, dedica-se às questões da
sexualidade desde 1984. Prestou serviços de Terapia Sexual ao Instituto
H. Ellis, para o qual dirigiu a equipe de psicologia e terapia sexual e
participou da coordenação dos cursos de Terapia Sexual e o de
Especialização Livre em Sexualidade - em prol dos cursos de posgraduação
em Educação Sexual e Terapia Sexual, da Sociedade Brasileira de
Sexualidade Humana.
Fone/fax
55 (11) 3666-5421
www.oswrod.psc.br
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