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Alerta: Escova de dente
precisa ficar ao ar livre
Pesquisa mostra que é urgente uma
campanha sobre os cuidados com a escova, inclusive entre os profissionais da
odontologia
RIBEIRÃO PRETO - Campanhas educativas de estímulo à higiene bucal devem
contemplar também a necessidade de desinfetar as escovas dentais, após sua
utilização, como hábito de higiene pessoal rotineiro. Essa é a conclusão da
pesquisa "Avaliação dos Conhecimentos Relativos aos Cuidados com as
Escovas Dentais, após sua Utilização, em Adultos, Crianças e Pacientes
Especiais", vencedora do 2º Prêmio Nacional de Odontologia Preventiva
Colgate, versão 2002, de autoria do acadêmico Jerônimo Manço de Oliveira
Neto e seu orientador, prof. Paulo Nelson Filho, ambos da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto – USP (Forp).
O trabalho avaliou 237 pessoas, alunos de graduação, profissionais da área
odontológica, crianças de 6 a 12 anos de idade, mães de bebês, com faixa etária
de 1 a 3 anos, e mães de pacientes especiais, de 1 a 12 anos de idade.
Os resultados obtidos indicaram que a maioria quase absoluta - 97,5% dos responsáveis
pelos bebês, 97,5% dos pacientes especiais e 100% de crianças, alunos de
graduação e profissionais da área odontológica - apenas lava e retira o
excesso de água das cerdas, após a escovação dental processo considerado
insuficiente para livrar as escovas dos microorganismos. Pior, ao contrário do
que a literatura recomenda, a maioria dos entrevistados guarda suas escovas no
armário do banheiro.
Mesmo os 0,8% que desinfetam de alguma forma as escovas, após sua utilização,
declararam que não receberam orientação de cirurgiões-dentistas a esse
respeito, evidenciando a necessidade de campanha educativa inclusive entre os
profissionais.
Escovas fora do armário
Já no ano de 2000, pesquisa orientada pelo professor Nelson Filho indicava a
necessidade de desinfetar as escovas dentais. O trabalho desenvolvido pela acadêmica
Soraia Macari, mostrou que a condição de armazenamento das escovas também é
um fator importante.
O número de microrganismos presentes nas escovas armazenadas ao ar livre, após
a sua utilização, é menor que os das armazenadas em recipientes, tais como as
embalagens que acompanham as escovas dentais.
Alguns autores, segundo Soraia, aconselham que após a escovação dental,
deve-se lavar a escova, guardando-a em ambiente arejado para que ocorra a sua
secagem, pois ambientes úmidos facilitam o crescimento bacteriano. A
pesquisadora lembra que outros trabalhos alertam, ainda, para o fato de que os
estreptococos do grupo mutans, agentes causadores da cárie dental, podem ser
transferidos de uma pessoa para outra pela escova dental, aumentando o risco da
cárie, particularmente em crianças, por isso a escova deve sempre ser de uso
individual.
Trabalhos na literatura têm indicado que as escovas dentais podem servir como
reservatório para a transmissão direta de microrganismos, de um indivíduo
para outro, além de fontes para a inoculação ou reintrodução de
microrganismos de locais infectados para outros não infectados. Com base nos
resultados os autores indicam que é plenamente justificável o emprego de métodos
para desinfetar de escovas dentais, após a sua utilização. Sugerem o mergulho
das escovas, durante a noite, em frascos individuais, com o gluconato de
clorexidina ou diluindo-se água sanitária com água de torneira, em volumes
iguais.
Entretanto, Paulo Nelson afirma que ainda não se conhece a ação do
hipoclorito de sódio nas cerdas das escovas mediante o uso prolongado desse método
para desinfetar. "Essa será uma das questões que será avaliada na
continuidade desse estudo", afirma o pesquisador.
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