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Empresa
indiana cria arroz transgênico mais barato
Seema
Singh e Michael Le Page
New Scientist
Os plantadores de arroz em breve estarão comprando sementes híbridas
baratas de plantas modificadas geneticamente caso uma empresa de
biotecnologia indiana tenha sucesso. Ela patenteou sua própria forma
de produção de novas variedades híbridas, e está apostando que
seus produtos não enfrentarão a mesma oposição que os transgênicos
de multinacionais como a Monsanto.
Os híbridos, produzidos pelo cruzamento de variedades diferentes, são
amplamente usados na agricultura já que costumam ser mais vigorosos e
produzem safras maiores. Para criar os híbridos, os cultivadores
devem impedir que as "plantas pais" polinizem a si mesmas.
Fazer isto manualmente exige muito trabalho e é caro, de forma que os
plantadores preferem usar linhas de machos estéreis que não podem
produzir pólen.
Mas existem poucos, quando existem, machos estéreis naturais em
qualquer espécie. E depender de apenas um torna a plantação vulnerável
à doença, como os Estados Unidos descobriram nos anos 70 quando seu
milho híbrido, produzido a partir de uma linha "Texas" de
macho estéril, foi devastado por um fungo. Assim os pesquisadores se
voltaram para a engenharia genética. Gigantes da biotecnologia como
Aventis criaram novas linhas de macho estéril de milho, colza e chicória,
geralmente adicionando um gene bacteriano chamado barnase, que é
ativado apenas nas células produtoras de pólen, bloqueando a produção
de pólen ao quebrar o RNA.
Agora a Avestha Gengraine, de Bangalore, recebeu uma patente americana
para uma técnica rival para produção de linhas de machos estéreis,
que emprega um fenômeno curioso chamado edição de RNA. Em algumas
plantas, a mitocôndria produtora de energia das células altera a seqüência
genética dos RNAs codificados por alguns genes mitocondriais antes de
serem usados como modelo para produção de proteínas. Isto acontece
com o gene nad9, que responde por uma proteína mitocondrial chave.
A Avestha adiciona o gene nad9 da crucífera Arabidopsis thaliana
ao núcleo das células de arroz, juntamente com uma seqüência que
diz à célula para transportar a proteína nad9 resultante para a
mitocôndria. Como o RNA dos genes nucleares não é editado, esta
proteína é falha e interrompe a produção de energia na mitocôndria.
Como resultado, as plantas não produzem pólen.
Imagina-se que as mutações em muitas plantas machos estéreis
naturais interrompam a produção de energia de forma natural. Para a
produção comercial de sementes, a fertilidade pode ser restaurada
nas plantas da Avestha adicionando a versão "antisense" do
gene nad9 ao núcleo.
A empresa alega que a técnica, testada no arroz basmati, pode reduzir
pela metade o tempo necessário para a criação de novas variedades híbridas
de cereais, frutas e legumes, reduzindo assim o preço das sementes.
Uma grande variedade de linhas com macho estéril também reduzirá a
suscetibilidade das plantações híbridas a doenças e pestes, disse
o chefe da Avestha, Villoo Morawala Patell.
Ela está confiante de que os híbridos transgênicos da empresa não
enfrentarão a mesma oposição na Índia que outras plantas
transgênicas.
"Quando eu fundei a empresa, eu a posicionei deliberadamente como
uma empresa doméstica capaz de gerar propriedade intelectual para a
Índia e apoiar a agricultura local."
Mas em 1993 a agência nacional de pesquisa da França, a Cnrs,
patenteou um método semelhante para produção de plantas com machos
estéreis. A Cnrs permitiu que a patente expirasse em 2000, disse
Armand Mouras, um dos pesquisadores, pois a oposição às plantações
transgênicas na Europa fez com que ninguém quisesse licenciar o método.
George El Khouri
Andolfato
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