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Boi vira soja
Dois grupos assumem 100 fazendas e passivo de R$ 1 bilhão do grupo concordatárioLiana
Melo
Credores das Fazendas Reunidas Boi
Gordo podem receber boas notícias neste final de ano. As empresas anteriormente
controladas pela HD Empreendimentos e Participações e a Colonizadora Boi Gordo
estão sendo transferidas para dois grandes grupos – Cobrazem e Forte
Colonizadora –, que assumem seu patrimônio e suas dívidas. A Reunidas Boi
Gordo entrou com pedido de concordata preventiva na Justiça do Estado de Mato
Grosso no dia 16 de outubro de 2001. A empresa vendia Certificados de
Investimentos Coletivos ( CICs) atrelados a cabeças de boi para engorda em suas
fazendas. Em troca, acenava com um retorno de 42% sobre o capital aplicado num
prazo de 18 meses. Dos cerca de 30 mil investidores, 50% estão concentrados na
cidade de São Paulo e o restante espalhado por outros Estados do País, pelo
Japão, Europa e Estados Unidos. Cerca de metade deles tem investimento de até
R$ 15.000, mas apenas 800 possuem 50% do passivo da concordata.
Pelo acordo, fechado no dia 10
de outubro, os dois grupos passam
a deter o controle de todo o patrimônio da Boi Gordo, em torno
de 110 fazendas, e assumem todo o passivo do grupo, estimado em
R$ 1 bilhão. O valor do negócio não foi revelado. A idéia, segundo o
advogado Marcelo Hernandez Fernandez, que está montando toda a arquitetura jurídica
do negócio, é transformar os mais de 250 mil
hectares de terras de propriedade da Boi Gordo na maior plantação de soja do
País, pagar as dívidas e sair da concordata.
A associação com os dois
grupos, diz Fernandez, foi necessária
para garantir o pagamento dos custos do empreendimento. “Para
cada 30 mil hectares de plantio, são necessários investimentos de
quase R$ 90 milhões”, argumenta o advogado, que calcula um prazo de um ano
para o início do plantio. No dia 6 os acionistas realizaram uma assembléia
extraordinária para a nomeação de uma nova diretoria e
de um novo conselho de administração.
O próximo passo será convencer os
credores que possuem 27.875 contratos de que o negócio será bom para todos e
que a transformação do negócio é viável e plausível. A aposta em soja –
num momento em que o mercado de grãos está em alta – é que os débitos
sejam saldados parceladamente em algumas safras.
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