Alô, Alô W/Brasil


Os boatos de venda da agência foram encerrados
com a celebração da conquista da conta da Cervejarias
Kaiser, de R$ 180 milhões

Célia Chaim

O que está acontecendo aqui?, perguntou Washington Olivetto ao entrar na sala principal da Casa Fasano, em São Paulo, na manhã de terça-feira 18. Ele estava brincando, feliz da vida com a notícia que iria dar à platéia com mais de 100 pessoas dali a pouco. Olivetto, Gabriel Zellmeister e Javier Llusa não venderam nenhum pedacinho da W/Brasil para o capital estrangeiro, como se especulou desde que aquele convite amarelo anunciou que a agência e um grande grupo internacional passariam a trabalhar juntos. Desfeito o mistério
quando se soube então que a canadense Molson Inc. e sua subsidiária Cervejarias Kaiser iniciaram naquele mesmo dia um novo capítulo em sua história no Brasil ao entregar sua magnífica conta à W/Brasil. Sob sua criação está todo o portfólio brasileiro da Cervejarias Kaiser: Kaiser Pielsen, Summer Draft, Bock, Gold e Bavaria Pielsen, Premium e sem álcool, mais Santa Cerva e Xingu. A verba é de R$ 180 milhões, o que significa a maior conta da agência, uma das maiores do País.

Não houve concorrência. “Foi uma escolha natural”, disse Robert
Coallier, presidente e executivo-chefe da Cervejarias Kaiser no Brasil. Natural porque o chefão da Molson, Daniel J. O’Neill, presidente e executivo-chefe, conhece o trabalho da agência. Ele viveu no Brasil durante quatro anos e teve a oportunidade de trabalhar com Olivetto. Admirou seu talento, ficaram amigos. A W/Brasil faz exatamente o que quer a Molson: campanhas populares e duradouras que saem da publicidade e entram na rotina das pessoas. A Molson é o cliente que faltava à agência – Olivetto sempre quis fazer uma grande campanha
com cerveja, categoria que fascina a publicidade.

O namoro escondido de alguns meses acabou em Bavaria super
premium, exportada para o Canadá desde março de 2003 e agora
também para Miami e Nova York. Tão bom quanto o sabor da cerveja
é o gostinho de saber que a W/Brasil, assediada por frequentes ofertas de aquisição, continua brasileiríssima como a música W/Brasil (Chama o síndico) de Jorge Ben Jó. “Faz bem para a auto-estima do brasileiro”, diz Olivetto. Não faz tão bem para a Ambev, que flutua no mercado com
mais de 60%. O grupo não vai precisar de bóia, mas tem de saber que ondas revoltas vêm aí

 

 

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