PCs
em rede têm função de supercomputadores
O humilde computador pessoal usado para trocar emails e navegar pela
Internet pode discretamente tornar-se uma ferramenta de combate ao câncer,
tratamento de varíola ou de prevenção de um ataque bioterrorista com
esporos de antraz. Os PCs, que sozinhos têm potência limitada, quando
integrados nas chamadas "grades" imitam os mais poderosos
supercomputadores do mundo a uma fração do custo.
Redes de computadores
ligados à Internet, muitos instalados nas casas dos usuários, estão
superando os limites que os orçamentos apertados e a falta de
capacidade de processamento numérico impunham no passado à busca de
novas e importantes drogas pelos cientistas.
As grades de computação
essencialmente fracionam as complexas partes de equações usadas em
pesquisas e as distribuem a um grande número de computadores remotos.
Este exército de máquinas divide tarefas entre si e entregam os
resultados para uma central que aglutina os dados de maneira útil aos
pesquisadores.
As grades podem
resolver em alguns dias problemas que caros supercomputadores
convencionais demorariam meses ou anos para solucionar. A técnica
talvez seja mais conhecida por seu uso no projeto SETI@home, que usa
milhões de computadores integrados em rede - cada qual trabalhando com
pequenas amostras de dados - na busca de inteligências extraterrestres,
analisando cuidadosamente os sinais de rádio recebidos do espaço.
"Quando um poder tão
grande é acionado, os cientistas que tinham de limitar suas pesquisas
aos orçamentos reais e aos limites de seus departamentos precisam começar
a repensar os limites do possível", disse Paul Kirchoff,
vice-presidente de marketing da United Devices, uma empresa do Texas que
produz software para grades de computação.
A empresa aluga tempo
de processamento em uma rede comercial que montou com base em sete mil
computadores pessoais, cujo poder de computação Kirchoff estima como
equivalente a um dos oito maiores supercomputadores mundiais.
Além disso, a empresa
mantém uma rede global de 2,5 milhões de computadores conectados a uma
grade mundial que processa números para causas puramente humanitárias,
incluindo busca de drogas para tratamento de câncer, varíola e antraz.
Grande porcentagem das
máquinas da grade, metade em grandes companhias e metade com usuários
domésticos, é desligada durante a noite, disse Kirchoff, mas em teoria
a grade tem um poder de processamento de pouco mais de 3 petaflops.
"Este número é equivalente a 23 vezes o poder de processamento
dos 10 mais potentes supercomputadores do mundo. É fenomenal",
disse o executivo.
A UD aceita somente
projetos não comerciais para a sua grade, que depende de patrocinadores
corporativos para bancar seus custos. O método de grade funciona
especialmente bem em trabalhos que requerem análise de milhões de
substâncias químicas conhecidas para saber se seu formato é capaz de
desligar proteínas que causam doenças.
A técnica reduz uma
enorme biblioteca de substâncias conhecidas a algumas poucas que podem
ser testadas com sucesso em humanos e animais. A pesquisa do grid.org
para drogas que combatem a varíola, por exemplo, reduziu a quantidade
de substâncias a serem pesquisadas pela universidade de Oxford de 35
milhões para 45 moléculas promissoras. A tarefa, realizada em cinco
meses, teria custado US$ 75 milhões se fosse feita por computadores
tradicionais, disse Kirchoff.
"Francamente, hoje
eu acho que estamos mais limitados pela imaginação que pela
tecnologia", disse o professor de engenharia de informação da
universidade de Oxford Mike Brady.
Reuters
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