Avançam pesquisas sobre telas de PC dobráveis
 


Construir telas flexíveis, que possam ser dobradas ou enroladas, para serem usadas em computadores, livros eletrônicos ou em outros aparelhos, é um desafio que vem sendo perseguido por diversos centros de pesquisa no mundo. Uma das principais alternativas é a aplicação, em folhas plásticas, de transistores orgânicos que conduzem eletricidade. O problema é que cristais orgânicos são muito frágeis, o que torna o processo de construção das telas extremamente difícil.

Um novo método, que acaba de ser divulgado nos Estados Unidos, permite a obtenção de transistores orgânicos de modo muito mais eficiente. O segredo é a utilização do processo de fotolitografia para imprimir o circuito do transistor em uma fina placa de borracha feita de polidimetilsiloxano, um polímero siliconado. Em seguida, a placa, tal qual um carimbo, é usada para transferir cuidadosamente o desenho do transistor em uma superfície orgânica.

A descoberta é de um grupo formado por integrantes dos Laboratórios Bell, Universidade Rutgers, Universidade de Illinois, Instituto Beckman e do Laboratório de Pesquisa de Materiais Seitz. O estudo foi publicado na edição de 12 de março da revista Science.

De acordo com os cientistas envolvidos, a técnica é similar à fabricação de transistores de efeito de campo (FET) orgânicos ¿ um tipo de transistor comumente usado para amplificação de sinais ¿, em que um cristal orgânico é laminado sobre uma bolacha de silício com eletrodos. Diferente do método tradicional, que exige a utilização de cristais muito finos ¿ e, portanto, delicados ¿, a técnica elastomérica é compatível com cristais muito mais espessos e rígidos.

Outra vantagem do novo método é ser reversível. O contato entre o carimbo de borracha e os cristais orgânicos pode ser refeito quantas vezes forem necessárias sem afetar as características do transistor. No estudo, os pesquisadores empregaram um cristal de rubreno.

Outro destaque do estudo foi a identificação da maior mobilidade de carga já verificada em um semicondutor orgânico. Os dispositivos desse tipo obtidos até então mostravam sempre uma pequena mobilidade, o que resultava em tempos de resposta muito longos, dificultando, por exemplo, o uso em telas de videogames ou de computadores, que exigem sinais rápidos.

"O objetivo do estudo foi entender o comportamento do transporte de carga elétrica desses transistores, que deverá ajudar na construção de dispositivos mais eficientes para uma enorme gama de aplicações eletrônicas", disse John Rogers, da Universidade de Illinois e um dos autores da pesquisa, em comunicado da instituição.
 Revista Pesquisa Fapesp

 

 

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