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Chip
permite controlar computadores com o cérebro
da Folha Online
Por anos os escritores e fãs de ficção científica
sonharam com a possibilidade de comandar computadores e
equipamentos apenas usando a força do pensamento. Esta
possibilidade, porém, está cada vez mais perto da
realidade.
A FDA (Food and Drug Administration, órgão que regulamenta
o uso de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos)
aprovou o implante de chips no cérebro que serão usados no
tratamento de pacientes com algum tipo de paralisia.
O tratamento, desenvolvido pela empresa Cyberkinetics,
consiste no implante de um pequeno chip de apenas 4 milímetros
quadrados no cérebro de vítimas imobilizadas. Se o
tratamento funcionar, dentro de três a cinco anos os
pacientes poderão dar ordens para um computador apenas
pensando nas instruções desejadas.
"O computador será o portão de entrada para tudo o
que os pacientes desejarem fazer, incluindo ativar os próprios
músculos por meio de estímulos elétricos", disse Tim
Surgenor, o principal executivo da Cyberkinetics. "Esse
[o implante] é um dos passos do processo."
O sistema criado pela Cyberkinetics não é exatamente
pioneiro. Outras empresas, como a Neural Signals, já
realizaram testes com seis implantes. Em 1998, pesquisadores
da companhia disseram que um implante cerebral permitiu que
uma vítima de derrame movesse um cursor para apontar frases
como "Foi bom conversar com você" na tela de um
computador.
Mas, segundo especialistas, a Neural Signals usou apenas
eletrodos simples, enquanto a Cyberkinetics é a primeira a
realmente usar chips mais sofisticados em cérebros humanos.
O tratamento desenvolvido pelo neurocientista John Donoghue,
fundador da Cyberkinetics, chamou a atenção por causa de
uma pesquisa com macacos, publicada em 2002 na revista
"Nature".
Atividade neural
Três macacos rhesus receberam chips que foram usados para
gravar sinais enviados pela região do cérebro responsável
pela coordenação motora. Os macacos então deviam
manipular um controle com as mãos, para que os sinais
fossem realmente registrados. Os dados foram usados para
desenvolver um programa que permitia que os macacos
controlassem um cursor de computador usando apenas o cérebro.
A idéia não é estimular a mente, mas mapear a atividade
neural para descobrir quais sinais a mente envia quando quer
fazer um movimento. Por exemplo, para mexer a perna
esquerda, o cérebro emite um determinado sinal para o
corpo, que se traduz no movimento --o que não acontece no
caso das pessoas paralisadas.
Assim que os pesquisadores mapearem a atividade neural, será
possível construir um sistema que responda aos sinais
enviados pelo cérebro dos pacientes paralisados.
"Vamos dizer a um paciente: 'imagine que você está
movimentando sua mão 15 centímetros para a direita'",
disse Surgenor. Segundo ele, o comando do cérebro será
direcionado para um braço robótico, por exemplo, que vai
movimentar o braço da pessoa paralisada para a posição
desejada.
Em humanos
Reproduzir a experiência feita com macacos em humanos é um
desafio. O sistema desenvolvido pela Cyberkinetics contém
pequenos espinhos de 1 milímetro que serão
"conectados" ao cérebro para registrar a
atividade de um grupo de neurônios.
Os sinais serão monitorados por meio de fios ligados ao
chip, o que apresenta risco de infecção. A companhia está
trabalhando em uma versão sem fio do projeto.
Para Richard Andersen, um especialista da Cal Tech que
conduz pesquisas similares, porém, o momento é apropriado
para testar a tecnologia em humanos.
"Creio que existe um consenso entre muitos
pesquisadores de que esta é a época certa para começar os
testes em seres humanos", afirmou Andersen. Segundo
ele, cirurgiões já estão fazendo implantes cerebrais para
tratar a surdez e o mal de Parkinson. "Há sempre algum
risco, mas é preciso considerar os benefícios."
Com Associated Press
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