Novo teste genético diferencia tumor maligno de benigno na tireóide

Da Agência Fapesp


Cientistas brasileiros e americanos desenvolveram um tipo de teste genético capaz de diferenciar com alta precisão tumores malignos e benignos da tireóide.

"O teste proposto por nós tem a maior sensibilidade e especificidade entre todos já realizados até agora", afirmou Janete Cerutti, pesquisadora do Laboratório de Endocrinologia Molecular da Unifesp, à Agência FAPESP. A pesquisadora brasileira é a primeira autora de um artigo científico sobre o teste, publicado na edição de abril do "The Journal of Clinical Investigation".

Os cientistas conhecem quatro importantes marcadores genéticos para o estudo de eventuais disfunções da tireóide. Dois deles (DDIT3 e ARG2) apresentam anticorpos comerciais e, por isso, foram os primeiros utilizados em um teste histoquímico desenvolvido na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em conjunto com outros pesquisadores dos Estados Unidos.

Pelos resultados obtidos até agora, as análises genéticas feitas com amostras de pacientes determinaram com 83% de precisão a classe de tumor encontrado, seja maligno ou benigno. "O que estamos providenciando agora são testes para os outros dois tipos de marcadores. Ainda não temos 100%, mas nosso objetivo é chegar próximo disso", contou Janete.

Com um diagnóstico genético mais preciso, os cientistas acreditam que o diagnóstico pré-operatório para a tireóide possa ter sua qualidade aumentada. Atualmente, quando se suspeita de um tumor, não existe outra solução: o paciente precisa ser submetido a uma pequena cirurgia para coleta de material para biópsia. O novo teste, além de evitar cirurgias desnecessárias no caso de um tumor benigno, também pode reduzir os gastos de recursos sempre escassos para a saúde.

Nos últimos anos, conforme explica a cientista da Unifesp, os casos de câncer na tireóide vêm aumentando entre a população mundial. Mas isso não significa que exista uma explosão desse tipo de doença. "Não são os casos que aumentam, são as metodologias de diagnóstico que estão cada vez mais sensíveis", acredita Janete. Atualmente, segundo a pesquisadora, é possível identificar nódulos não palpáveis, por causa de ultrassonografias mais modernas. "Obviamente, procurando mais, acha-se mais."

Com informações de Eduardo Geraque

 

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