Ações
do Google testam memória de investidores
A oferta pública de ações do Google, a mais antecipada dos últimos
anos, relembra a explosão do mercado de tecnologia dos anos de 1990 e
levanta questões sobre se os investidores aprenderam alguma lição
daquela época.
Ofertas de ações de
companhias de Internet geralmente saltam em valor nos primeiros dias de
negócios para depois afundarem, deixando ricos investidores próximos das
empresas e largando na mão apostadores pequenos.
O Google, serviço de
buscas mais popular da Internet, deve anunciar planos de uma oferta
inicial de ações (IPO) que pode chegar a US$ 20 bilhões, segundo
financistas. "Os investidores vão ficar de olho nisso", disse o
professor de direito acionário da Universidade Georgetown Donal
Langevoort. "Vamos ver se alguém aprendeu alguma lição sobre os
riscos de elevar um IPO nos primeiros dias".
Depois da crise que
atingiu em cheio o mercado de Internet e telecomunicações, investigações
do governo norte-americano revelaram que muitos dos IPOs milionários
foram armados por manobras de Wall Street que favoreceram grandes
investidores e prejudicaram pequenos. "O Google é bem diferente de
muitas destas companhias que fizeram IPOs" durante a bolha, afirmou o
professor de direito acionário da Universidade do Texas Henry Hu.
"É uma companhia
muito mais estabelecida que algumas daquelas que foram recomendadas...
Estamos falando de uma coisa totalmente diferente", disse Hu,
referindo-se ao ex-analista do Merrill Lynch Henry Blodget.
Blodget foi multado em
US$ 4 milhões e concordou em se afastar para sempre da indústria de
valores mobiliários em um acordo para encerrar processo no qual era
acusado de incentivar ações de empresas de tecnologia que ele
menosprezava.
O IPO do Google vai ser
um bom sinal sobre até onde chegam as lembranças dos investidores, disse
Langevoort. "Se o preço saltar nos primeiros dois dias, isso vai ser
um sinal de que as pessoas não aprenderam muito", acrescentou.
Reuters
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