Calais quer Embratel para
aumentar tarifas?
SÃO PAULO - Escândalo
no caso da venda da Embratel: documentos apreendidos na mesa de um diretor da
Telefônica mostram que as operadoras que compõem o consórcio Calais (Brasil
Telecom, Telemar e a própria Telefônica) pretendem alinhar as tarifas da
Embratel, que hoje são oferecidas com descontos, "pelo teto".
O jornal A Folha de S. Paulo
teve acesso ao documento "Estágio de Venda da Embratel" (escrito em
10 de março de 2004 em Madri), apreendido pela polícia no último dia 5 de
abril na mesa de Eduardo Navarro, vice-presidente de planejamento estratégico
da Telefônica. Pelo acordo das três empresas, o fim da concorrência com a
Embratel permitiria a redução ou eliminação total dos descontos hoje
praticados e o aumento do valor das tarifas da forma mais vantajosa para as
operadoras. Ou seja: adeus guerra de tarifas.
O Departamento de Proteção e
Defesa Econômica da Secretaria de Direito Econômico (SDE), vinculada ao Ministério
da Justiça, informou ao Plantão INFO que, assim que tiver acesso ao documento
apreendido, vai procurar indícios que ajudem nas investigações já em
andamento sobre o caso - o SDE atualmente avalia se houve formação de cartel
na criação do consórcio Calais.
A busca realizada no último
dia 5 na sede da Telefônica não estava relacionada com o caso Embratel; ela
faz parte do inquérito movido contra a empresa pela prestadora de serviços
Cobra SP, que acusa a operadora de ter provocado sua falência.
Navarro disse à Folha
que o documento apreendido em sua mesa não é um plano e, sim, "o lixo do
lixo do lixo". Segundo executivo, o lixo não foi jogado fora porque sua
mesa "é muito desorganizada".
A Calais emitiu um comunicado
oficial no qual "repudia as insinuações de que estaria agindo de forma
ilegal". Informa que todos os documentos relativos à sociedade já foram
submetidos à apreciação da Anatel. "Não há qualquer tipo de acordo
e/ou entendimento entre as operadoras e a Geodex que não esteja refletido nos
contratos. A Calais tem absoluta certeza de que não existe qualquer ilegalidade
em sua proposta", diz o documento.
Renata Mesquita, do Plantão
INFO
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