Californiano
defende "turismo do suicídio" no Camboja
Ek Madra
Um californiano está sendo processado no Camboja por fazer propaganda do
país como o lugar ideal para cometer suicídio.
"Sou um velho que mora numa pequena cidade do Camboja. Não quero
causar problemas a ninguém. Mas tenho minhas crenças, e acho que posso
falar sobre elas para as pessoas", disse à Reuters na quinta-feira Roger
Graham, 57, depois de comparecer a um tribunal em Kampot, uma cidade
litorânea do Camboja.
Graham administra um café na cidade. A ação contra ele foi impetrada
pelo governador provincial de Kampot, Puth Chandarith, por causa do
website mantido pelo norte-americano, www.euthanasiaincambodia.com.
"Se eles quiserem me expulsar do país, podem fazer isso. Só quero
dirigir meu pequeno café e viver o resto da minha vida em paz. Pretendo
morrer aqui", disse ele.
O Camboja não possui leis sobre a eutanásia ou o suicídio assistido.
O país ainda tenta se recuperar de décadas de guerra, inclusive do
genocídio do Khmer Vermelho nos anos 1970, em que 1,7 milhão de pessoas
morreram.
Embora o assunto não seja prioridade no país, o governo viu-se
pressionado a fechar o site depois do suicídio de uma britânica de 47
anos. Os parentes dela acreditam que a página na Internet tenha
influenciado sua decisão. O mote da página é: "Você vai morrer de
qualquer jeito, então por que não no Camboja?."
Desde o início da polêmica, há um mês, quase meio milhão de pessoas
visitaram a página, disse Graham. Antes, o número de frequentadores era
de 1.600 ao mês.
"Não faz sentido dizer que a eutanásia prejudica o turismo no
Camboja. Cerca de 450 mil visitantes viram meu site, e alguns deles
virão para cá", disse ele, sorrindo.
Graham também insistiu que as pessoas têm o direito de escolher onde
e quando vão morrer. Como não há leis relevantes sobre a questão, o
Camboja é um lugar adequado.
"Kampot é um dos lugares mais bonitos que já conheci. Posso ver o sol
nascer e se pôr. As pessoas dizem oi com um sorriso."
Os promotores que interrogaram Graham disseram que ainda não há uma
acusação oficial contra ele, e que precisarão de mais tempo para chegar
a uma decisão.
Reuters |