Claudio R S Pucci
Diariamente eu recebo de 20 a 30 mensagens de spam em meu e-mail pessoal. São propagandas da TV online (umas três por dia), ofertas de fraldas entregues em minha residência (que continuam mandando apesar de eu já ter escrito que não tenho bebê), dezenas de imobiliárias e corretores de imóveis (que uma vez proibidos de fazer panfletagem nas ruas, começaram a mesma prática no e-mail) e, incrivelmente, convites para assinar uma revista na qual eu já sou assinante.
O e-mail marketing é uma forma barata de se conseguir angariar clientes e os bons marqueteiros sabem disso. Apesar dos esforços da Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD) em regulamentar as ações, os profissionais da área, alguns movidos por pressões por resultado, outros por pura ganância, decidem ignorar o bom senso e despejar mais e mais lixo em sua caixa postal. E em muitos casos, não adianta clicar no opt-out, aquele link que serve para você demonstrar que não quer mais mensagens daquela empresa. Você pode ser regiamente ignorado ou receber respostas como "Favor enviar a mensagem recebida já que não encontramos seu e-mail em nossa base", como fez uma loja de perfumes online que tem o mesmo nome de uma grande rede americana.
Com tudo isso, a pergunta que resta é: spam funciona? E agora vem a pior resposta de todas: aparentemente sim. A Messaging Anti-Abuse Working Group ou Grupo de Trabalho anti-abuso por mensagens (MAAWG), organização que congrega grandes provedores e empresas como Yahoo, Facebook, Telefônica, HP, Sun Microsystems, entre outras, promoveu uma grande pesquisa para entender os hábitos das pessoas em relação ao e-mail e à segurança online. Metade dos 800 respondentes afirmou clicar nos links das mensagens que eles consideraram spam, movidos por motivos diversos que vão de curiosidade e o desejo de saber no que ia dar a um real interesse pela oferta. Acontece que muitas mensagens de spam carregam em si perigos grandes como vírus e softwares que permitem a invasão de seu microcomputador.
Além disso, 21% dos entrevistados não tomam nenhuma iniciativa para combater o envio de lixo, seja através de serviços antispam oferecidos pelos seus provedores, como utilização de ferramentas gratuitas (porém limitadas) como Spamihilator ou Comodo. Em relação à segurança os números assustam. Apesar de 82% dos consumidores estarem cientes dos "Cavalos de Tróia" (softwares que permitem que outra pessoa obtenha controle sobre a máquina de um terceiro) e dos malware, apenas 20% acredita que seu computador está sujeito a vírus e 25% não atualizam manualmente seu antivírus na esperança que este faça isso automaticamente.
Considerando que hoje de 85% a 90% do tráfego de e-mail é considerado abusivo e que o próprio usuário, aparentemente, não dá muita importância para a segurança de sua conta, a pesquisa aponta que muitos computadores estão infectados com programas que fazem com que o e-mail de um cidadão comum dispare mais e mais mensagens de spam. E assim, o ciclo se renova.
O melhor, nesse caso, para se prevenir, é ter um bom antivírus no computador, além de contratar um serviço antispam de qualidade. De qualquer maneira, fica a sugestão do site da empresa Trend Micro que oferece gratuitamente um serviço chamado House Call, onde remotamente escaneia seu computador e aponta se existe algum malefício e ainda consegue eliminá-lo de sua máquina. O processo, porém, pode durar algumas horas dependendo da conexão. Além disso, é recomendável não abrir mensagens suspeitas, mesmo que tenham vindo de amigos seus (eu já fiz isso uma vez e meu email disparou um spam para toda a minha lista).
Outra coisa que podemos torcer (e fazer pressão sobre o político que votamos) é que as autoridades regulamentem, assim como fizeram com o telemarketing, a utilização da internet como meio de propagação de ofertas de vendas. Assim, quem sabe, com multas altas, a loja de fraldas me deixe em paz.
Em tempo, o termo Spam veio de um quadro famoso do grupo inglês Monty Python, onde clientes em um restaurante estão tentando pedir algo para o café da manhã, mas todos os pratos possuem spiced ham (presunto apimentado ou resumidamente SPAM). Quando um dos protagonistas começa a falar spam repetidamente, o outro grita "Eu odeio spam" e assim a indústria de TI assumiu esse nome para as propagandas inadequadas via e-mail. Quem, aliás, não odeia o spam?
Especial para Terra