Brasília - A iniciativa de um grupo de artistas plásticos do Rio de Janeiro
revive, em plena era virtual, uma forma de difundir a arte que remete às
primeiras décadas do século 20: os cartões-postais.
Artistas ligados aos movimentos futurista e dadaísta foram os precursores
dessa experiência estética. Mais tarde, ela foi a saída encontrada para a arte
em países sob regimes ditatoriais, em que as galerias e os espaços culturais
eram fechados aos artistas dissidentes.
O Museu
de Arte Postal, lançado este mês na internet, tem como proposta
básica fazer a arte circular na rede mundial de computadores, e, ao mesmo tempo,
difundir o colecionismo em público que não tem poder aquisitivo para comprar
obras no mercado de arte. Cada edição com quatro postais, numerados e assinados,
pode ser adquirida por R$ 20.
“O preço não objetiva o lucro, apenas cobre os gastos com a impressão”,
afirma o artista plástico Marco Antonio Portela, criador do projeto.
“Pretendemos estimular o colecionismo, mas nosso intuito básico é fazer a arte
circular, seja fisicamente, por quem adquirir as obras, ou virtualmente, na rede
mundial de computadores”, acrescenta.
Para Portela, a iniciativa também representa um resgate do cartão-postal como
forma de comunicação entre as pessoas, “em uma época, como a atual, em que a
virtualidade acabou sufocando a correspondência tradicional, pelo correio”. Ele
considera uma obra de arte impressa em cartão-postal tão válida como as
produzidas em suportes tradicionais, em telas, por exemplo. “Estamos na
pós-modernidade. Qualquer coisa hoje é o suporte. Não existe mais essa
obrigatoriedade da tinta, da prata. Se o artista aceita sua obra impressa em
gráfica sob a forma de postal e assina, isso é o que vale”, defende.
O Museu de Arte Postal está na rede com obras de quatro artistas: Rogério
Reis, Carolina Valansi, Suzana Queiroga e Gustavo Speridião. A cada dois meses,
o acervo virtual será enriquecido com obras de mais quatro artistas. Os
próximos, em abril, serão Bob N, Vicente de Mello, Luiz Ernesto e Julia Debasse.