BiônicaSempre atraiu muito interesse a possibilidade de
imitar os animais para a construção de robôs, sobretudo porque o
biomimetismo economiza alguns milhões em termos de evolução de
projeto.
Esse campo de pesquisas é conhecido como biônica, ou biomimética.
E agora será possível imitar mais uma característica dos animais: a
capacidade de se disfarçar no meio ambiente.
Pesquisadores usaram
músculos artificiais para criar células biônicas que alteram sua
aparência ao apertar de um botão, imitando as capacidades de camuflagens
de polvos, camaleões e diversos outros animais.
O mundo da moda também poderá ganhar em versatilidade: uma roupa
escura, bem adequada para o frio da manhã, poderá facilmente ficar clara
para refletir a luz forte do Sol do meio-dia.
Cromatóforos biônicos
"Nós nos inspiramos nos projetos da natureza e usamos os mesmos
métodos para dar aos nossos músculos artificiais efeitos visuais
impressionantes," afirma Jonathan Rossiter, da Universidade de Bristol,
na Inglaterra.
Para isso, os músculos artificiais, que são macios e flexíveis,
receberam células chamadas cromatóforos, que contêm os pigmentos de
cores responsáveis pelos efeitos de mudança de cor de diversos animais.
Nos anfíbios, peixes, répteis e cefalópodes, a mudança de cor é
acionada por mudanças no estresse, na temperatura ou no humor. O
mecanismo pode ser usado para camuflagem, tanto para caçar quanto para
fugir de predadores, para comunicação ou para atrair um parceiro.
Os cientistas construíram até agora cromatóforos artificiais
semelhantes aos presentes nas lulas e no peixe-zebra, ou paulistinha (Danio
rerio, também conhecido como zebrafish).
Camuflagem das lulas
Nas células de camuflagem das lulas há um saco com pigmentos,
circundado por músculos. Ao receberem um sinal do cérebro, os músculos
contraem-se, fazendo o saco expandir-se, gerando o efeito óptico na pele
do animal.
Esse mecanismo foi reproduzido artificialmente usando elastômeros
dielétricos, um assim chamado material inteligente, feito à base de
polímeros, e usado recentemente para construir um
sapato gerador de energia e um
"gerador de vestir" para recarregar celulares.
Os músculos artificiais contraem-se ao receber uma tensão, gerando a
mudança na coloração, e distendem-se quando a energia é cortada,
retornando à cor original.
Camuflagem do peixe-zebra
O mecanismo de camuflagem do peixe-zebra é diferente, com um
reservatório de pigmento preto que, quando devidamente apertado pelos
músculos, espalha a tinta pela pele do animal, fazendo suas manchas
pretas ficarem maiores.
O mecanismo artificial usa um sanduíche de duas pastilhas de vidro e
uma camada de silicone.
Os músculos artificiais fazem com que o sanduíche funcione como uma
bomba, enviando tinta preta ou branca para a superfície para gerar o
efeito desejado.
"Nossos cromatóforos artificiais são escaláveis e adaptáveis, e podem
ser montados em uma
pele artificial flexível e deformável. Isso significa que eles podem
ser usados em muitos ambientes onde as tecnologias 'duras' atualmente
disponíveis seriam perigosas, por exemplo, na interface física com os
seres humanos, como em
roupas inteligentes," afirmou Rossiter.