Mecanismos de respostasOs sites de busca mudaram
muito pouco desde que o Google foi fundado, em 1998.
Claro, eles são executados em servidores incrivelmente
rápidos, e rodam algoritmos sofisticados, mas a experiência em
si é basicamente a mesma: usuários digitam uma palavra ou duas e
o mecanismo devolve uma lista com links para as páginas mais
relevantes.
Mas isto parece estar prestes a mudar.
No mês passado, o Google lançou seu "grafo do conhecimento",
que disponibiliza fatos e serviços em resposta a termos de
pesquisa - e não apenas links para websites.
Este é o último passo em um processo pelo qual os motores de
busca estão se transformando em algo completamente novo: vastos
cérebros que respondem diretamente às perguntas feitas em
linguagem cotidiana.
"As buscas fazem um bom trabalho retornando páginas," diz
Shashidhar Thakur, do Google. "Mas podemos ir além, e retornar
conhecimento."
Links não são necessariamente a melhor maneira de responder
uma consulta.
Quando alguém procura "localização do estádio do Botafogo",
por exemplo, certamente preferiria ter uma resposta direta
contendo o endereço do Engenhão, em vez de um link para um texto
contendo as informações.
O Google e o Bing, da Microsoft, já conseguem dar respostas
diretas a um pequeno número de consultas, mas a variedade e a
profundidade dessas respostas está prestes a se expandir
dramaticamente.
Bases de conhecimento
Ao longo dos últimos anos, o Google e a Microsoft têm
discretamente compilado enormes bases de dados com conhecimento
para ajudá-los a fazer isso.
Seus repositórios de conhecimento estão sendo construídas com
informações publicamente disponíveis, como as páginas da
Wikipedia, assim como preços coletados em sites de varejo e
avaliações de produtos feitas por usuários.
"Tudo o que descreve um objeto está espalhado pela web," diz
Stefan Weitz, diretor do Bing. "O desafio é colocar tudo junto."
Esses dados open-source estão sendo combinados com
dados adquiridos internamente, tais como informações de
localização de produtos a partir dos mapas das respectivas
empresas.
Grafos
Tudo é colocado junto para criar um "grafo": uma rede de
coisas, sejam lugares ou pessoas, e as relações entre elas.
Os grafos do Google contêm 500 milhões de entidades, ligadas
por dezenas de milhares de diferentes tipos de relacionamentos,
segundo Thakur.
O grafo de conhecimento da Microsoft, que a empresa chama de
banco de dados Satori, contém 350 milhões de entidades, segundo
Weitz.
No Google, os algoritmos agora já navegam pelo grafo para
obter informações, assim como para pesquisar na web. A seleção
dos dados é baseada nas pesquisas anteriores sobre o mesmo
assunto, de forma que o Google sabe em que os utilizadores estão
mais interessados.
A Microsoft está tomando um rumo diferente.
Seu serviço Snapshot, que deverá ser adicionado ao Bing no
decorrer deste mês, irá utilizar seu grafo de conhecimento para
fornecer links para serviços associados ao termo de pesquisa.
Uma busca por um restaurante, por exemplo, continuará
retornando o site do restaurante, mas, quando o usuário mover o
mouse sobre o link, o Bing lhe dará a opção de ler comentários
de clientes, ver uma foto do local ou reservar uma mesa lá.
Tanto o Google quanto a Microsoft também estão expandindo a
capacidade de seus mecanismos de busca para entender as
consultas formuladas em linguagem cotidiana. Combinando isto com
o grafo de conhecimento permitirá a criação de novos tipos de
pesquisa.
Beta do Alpha
Os dois gigantes estão enfrentando a concorrência de um
recém-chegado, que formou uma forte aliança com um de seus
rivais.
Wolfram Alpha, criação do matemático e empresário Stephen
Wolfram, também depende de um enorme repositório de
conhecimento.
Mas, ao contrário do Google e do Bing, onde os dados são
muitas vezes extraídos automaticamente de sites, a equipe do
Alpha monta seu grafo de conhecimento de fontes tradicionais,
baseadas em fatos, evitando o uso da Wikipedia.
No ano passado, a Apple anunciou que está usando o Alpha como
o cérebro por trás do Siri, um assistente automatizado que vem
com o modelo mais recente do iPhone.
Perguntas diretas
Mas algoritmos não são muito bons em responder as perguntas
sutis que fazemos no dia-a-dia, tais como pesar os prós e os
contras de um produto, ou procurar destinos legais para as
próximas férias.
Para essas questões, os usuários podem tentar o Quora, um
site de perguntas e respostas, que decolou desde o seu
lançamento em 2010.
As respostas do site, que são muitas vezes detalhadas e
compostas por especialistas no assunto, têm-se expandido desde o
lançamento, e agora abrangem saúde, política e entretenimento,
assim como os mais procurados negócios e tecnologia.
Embora a empresa ainda não tenha apresentado seu modelo de
negócios, os investidores parecem acreditar que ela tem um. O
site recentemente levantou US$ 50 milhões de pessoas influentes
no Vale do Silício, elevando o valor da empresa para US$ 400
milhões.