"O usuário mais seguro é o usuário informado e cuidadoso. Não o que confia cegamente na internet, menos ainda o que confia no Google", destacou Cleland, ao explicar os motivos pelos quais, a respeito do buscador, "é melhor ser desconfiado do que crédulo". Entre esses motivos, o pesquisador - que levou suas denúncias contra a empresa até o Congresso dos Estados Unidos em três ocasiões - cita um estudo da ONG Privacy International segundo o qual o Google está em último lugar entre as 23 companhias líderes de internet no que se refere ao respeito à privacidade.
Além disso, enumera Cleland, "é preciso levar em conta que ao apresentar seus resultados o Google prioriza informação fornecida por seus anunciantes". Isso expõe a ética da corporação que "usa seu slogan 'don't be evil' (não seja mau, em tradução livre) para disfarçar suas práticas", denuncia.
O autor, que é consultor de clientes corporativos da Fortune 500 (a lista anual de empresas pelo volume de negócios, realizada pela revista Fortune) ilustra tais práticas com uma frase do próprio presidente do Google, Eric Schmidt: "Existe uma linha sinistra (...) e a política do Google é ir o mais possível até esta linha, mas não cruzá-la".
"O Google patenteou um método para rastrear o modo que você usa o mouse do seu computador. Finge ser um cordeiro inofensivo e escolheu como mascote um tiranossauro Rex, o maior predador pré-histórico conhecido", dispara o autor em sua apresentação.
Em sua obra, Cleland apresenta esse outro lado da história da companhia, uma "superpotência solitária da internet", que se converteu na empresa "que mais compilou informação em toda a história, além de ter inventado numerosos modos de utilizá-la". Nas quase 400 páginas do livro, o autor - que foi assessor do Departamento de Estado dos EUA em Políticas de Informação e Comunicação, e é considerado atualmente o analista independente número um por investidores institucionais - lança afirmações pontualmente documentadas com mais de 700 fontes.
"A empresa até agora não respondeu minhas acusações", disse Cleland ao Terra. "Quando o fizer, deverá também responder pelo que faz".