A revista norte-americana Vanity Fair deste mês publicará um
perfil demolidor da Microsoft, afirmando que a marca perdeu seu caráter
inovador nos últimos dez anos por excesso de burocracia e decisões
empresariais mal pensadas. O jornalista Kurt Eichenwald teve acesso a
e-mails internos da companhia e relata uma série de problemas
estruturais, contando também com entrevistas de fontes anônimas da
empresa de Redmond e de ex-funcionários.
A matéria revela informações como a de que Bill Gates teria recusado o
investimento em um e-reader ainda em 1998, afirmando que o produto "não
parecida muito com o Windows". Brigas internas, exigência de resultados
imediatos, burocracia e falta de liberdade criativa são alguns dos
outros problemas relatados. Mas a principal crítica fica para o sistema
de avaliação de funcionários da Microsoft:
"Todo funcionário ou ex-funcionário da
Microsoft que eu entrevistei – todos – citaram o stack ranking
(sistema de rankeamento de funcionários) como o processo mais destrutivo
dentro da Microsoft, algo que afastou um número enorme de funcionários",
explica o repórter Eichenwald.
"Se você estivesse em uma equipe de dez pessoas, você entrava no
primeiro dia sabendo que, não importando se todos fossem bons, duas
pessoas receberiam uma avaliação ótima, sete teriam notas medíocres e
uma teria uma nota terrível. Isto leva aos funcionários focarem em
competir entre si, em vez de competir contra outras empresas", disse um
ex-programador da empresa.
A reportagem deixa alguns exemplos bem-sucedidos de fora – como o Xbox e
a criação do Kinect – e foca nos negativos, como as tentativas
mal-sucedidas de concorrer com os produtos da Apple e o fracasso nos
negócios online.
O jornalista opina que o artigo – chamado "A década perdida da
Microsoft" – poderia ser usado em escolas de administração como estudo
das armadilhas do sucesso.
Olhar Digital