A gravidade e o tempoMedir as
inatingíveis estruturas internas da Terra em
breve poderá ser um experimento tão simples
quanto olhar para um relógio - desde que
seja um superpreciso relógio atômico.
Os
relógios atômicos estão se tornando tão
precisos que eles já são bons o
suficiente para produzir um geoide
detalhado.
O geoide é um modelo de variações de
densidade da Terra - desde a superfície até
o manto - feito a partir da medição das
anomalias no campo gravitacional do planeta.
Conhecer a forma precisa do geoide pode
ajudar nos estudos das estruturas geológicas
inalcançáveis no interior do planeta, e
mostrar como a massa da Terra está sendo
redistribuída ao longo do tempo, por
terremotos, pelo deslocamento das placas
tectônicas ou pelo derretimento das calotas
polares.
A proposta inusitada - usar relógios para
essencialmente medir a gravidade da Terra -
foi feita por Ruxandra Bondarescu e seus
colegas da Universidade de Zurique, na
Suíça.
De quilômetros para centímetros
O primeiro
mapeamento do campo gravitacional da Terra
foi concluído em 2011 pelo satélite GOCE, da
ESA (Agência Espacial Europeia).
Foi um grande avanço, mas o
mapa gravitacional da Terra que o GOCE
gerou tem uma resolução de cerca de 400
quilômetros.
A Relatividade Geral nos diz que os
relógios andam um pouco mais rápido no alto
de uma montanha devido à menor gravidade, e
um pouco mais lentos ao nível do mar devido
à maior gravidade.
A diferença é infinitesimal, mas
Bondarescu afirma que os relógios atômicos
alcançaram uma precisão suficiente para
medir mesmo estas
variações de tempo tão pequenas.
Os cálculos da equipe indicam que os
relógios atômicos já são precisos o
suficiente para determinar variações no
geoide com uma precisão de centímetros.
O grande desafio para colocar a ideia em
prática será a construção de relógios
atômicos portáteis - os atuais são grandes e
sensíveis, já que não foram construídos para
serem retirados dos laboratórios.