As ações do Google vêm se mantendo próximas
de um recorde de cotação, depois de uma alta
de três meses e 30 por cento, alimentada
pelo crescente otimismo quanto à publicidade
na Internet. Mas Wall Street teme que o
avanço possa estar perdendo o ímpeto.
As
ações do Google estão próximas ao recorde
histórico de 774,38 dólares, marca
registrada em 5 de outubro. Para atingir um
novo patamar, analistas e investidores dizem
que a empresa precisa superar diversos
riscos que poderiam solapar sua posição como
segunda mais valiosa entre as companhias de
tecnologia.
As preocupações mais imediatas estão
centradas na concorrência do setor móvel,
que está se tornando o principal campo de
batalha pela supremacia tecnológica, entre o
Google, Amazon, Microsoft, Apple e Facebook.
Os investidores apontam que o Google
Android -- apesar de ser o software mais
usado nos aparelhos móveis do planeta --
ainda não começou a propiciar crescimento
significativo de receita. E a empresa ainda
não articulou uma estratégia coerente na
esteira de sua aquisição da fabricante de
celulares Motorola Mobility, concluída em
maio por 12,5 bilhões de dólares.
No longo prazo, uma onda crescente de
pressão regulatória, nos Estados Unidos e no
exterior, pode representar o maior risco que
o Google já enfrentou em sua história.
As autoridades regulatórias estão
questionando possível concorrência desleal
da parte do Google, que supostamente
favorece suas subsidiárias e serviços nos
resultados de seu sistema de buscas, o
produto central da empresa, e também o
possível uso indevido de dados pessoais dos
internautas para direcionar publicidade.
Ainda assim, 36 das 45 corretoras de
investimentos que cobrem o Google em suas
análises recomendam compra de suas ações,
com um preço médio estimado em 845 dólares -
o que significaria alta de 12 por cento ante
a marca atual.
As mais otimistas entre as corretoras
projetam valor de 910 dólares para as ações.
E entre os administradores de carteiras de
investimento, pelo menos um tem projeção de
1,3 mil dólares para as ações do Google, se
computadas as crescentes reservas de caixa e
os investimentos da empresa.
"O modelo de negócios deles bastaria para
torná-los alvo fácil de muitos problemas
judiciais", disse Kim Forrest, analista e
administrador de carteira de investimento do
Fort Pitt Capital Group, que até
recentemente detinha ações do Google.
"Até o momento, eles administraram bem
esse risco", disse Forrest, em referência às
interações entre o Google e as autoridades
regulatórias. "Mas creio que esse seja o
grande risco. A maioria dos investidores,
tanto profissionais quanto de varejo, não
compreende bem esse fato".
(Por David Randall e Gerry Shih)