O grupo Anonymous, conhecido por seu
ativismo hacker em defesa da liberdade de
expressão, anunciou que, a partir de agora,
não mais se considera um partidário do
WikiLeaks. Na decisão, informada através do
twitter (@AnonymousIRC), o coletivo acusa a
degeneração do WikiLeaks a uma luta de egos
centra em torno de Julian Assange, um de
seus fundadores e atualmente enclausurado na
embaixada do Equador em Londres.
"Nós não
estamos mais seguindo o @Wikileaks e estamos
retirando nosso apoio. Foi uma ideia
sensacional, arruinada por egos", diz uma
das notas. "Nós nos unimos a qualquer um que
lute pela liberdade de informação. O
WikiLeaks não é mais guiado por isso. É pelo
dinheiro", afirma uma segunda.
O principal motivador da cisão do
Anonymous é a decisão, por parte do
WikiLeaks, de condicionar o acesso às
informações secretas em seu site a "doações"
para angariar fundos pela liberdade de
Julian Assange.
Assange, protagonista público desde os
vazamentos sobre as guerras do Afeganistão e
do Iraque que alçaram sua organização à
notoriedade mundial, transformou-se em uma
espécie de refugiado mundial: procurado pela
Justiça da Suécia, onde é acusado de
estupro, buscou guarida no Reino Unido, mas,
na iminência de sua extradição, achou
resguardo na embaixada equatoriana da
capital britânica, onde está protegido em
meio a um impasse diplomático.
"Nós temos nos preocupado com a direção
que o WikiLeaks vem tomando. No último mês,
o foco saiu dos vazamentos de informação e
da real luta pela liberdade de informação
para se concentrar mais e mais em Julian
Assange", diz um texto do Anonymous também
divulgado na série de tweets. Neles, o grupo
defende a inocência do ativista, mas alertam
que o "Wikileaks não é - ou não deveria ser
- somente sobre Julian Assange".
O manifesto também aponta que é possível
burlar o pedido de doação do site do
WikiLeaks desativando o Javascript, mas
alerta que isso não apenas prejudica o
acesso ao site pelo usuário não
especializado ("que é a maioria") como
também deixa claro que "a intenção óbvia é
aumentar as doações".
"Para nós, a conclusão é que não podemos
mais apoiar o que o WikiLeaks se tornou - um
show de um homem, de Julian Assange. Mas nós
também quermos deixar claro que ainda
apoiamos a ideia original por trás do
WikiLeaks: liberdade de informação e
transparência de governos. Infelizmente nós
nos damos conta que o WikiLeaks não mais
luta por esta ideia", resume o comunicado.
"Nós vamos lutar pela liberdade de
informação e apoiar qualquer um que busque
este mesmo ideal".