Hong Jiang e seus colegas dos Laboratórios Bell usaram um único sensor, dirigido para uma série de pinholes, essencialmente diafragmas abertos de forma controlada, sem usar lentes.
As câmeras digitais usam uma lente para focalizar a imagem sobre um CCD, que é formado por milhões de sensores individuais, os conhecidos pixels, cada um dos quais registra uma porção da imagem.
Na nova câmera sem lente, um único pixel registra a intensidade da luz que passa através de cada uma das pequenas aberturas colocadas entre o sensor e o objeto a ser fotografado.
Assim, a imagem é criada no tempo, em vez de no espaço, e usando um número de medições que é apenas uma fração das medições necessárias nas câmeras digitais normais.
Pinhole digital
Os diafragmas não são exatamente furos de alfinete em uma caixa, mas uma grade de cristal líquido - essencialmente uma tela LCD monocromática - cujos pixels podem ser abertos e fechados de forma independente - o protótipo possui 65.000 diafragmas.
O pixel único da câmera - o sensor que captura efetivamente a imagem - é um sensor fotovoltaico comum, que registra a intensidade da luz vermelha, azul e verde que incide sobre ele.
Essas medições, coordenadas com o sistema de abertura dos diafragmas no painel LCD, são então convertidas na imagem.
Para acelerar o processo e usar um número menor de medições, os pesquisadores não fazem a abertura dos pinholes em sequência, eles geram padrões pseudo-aleatórios de abertura e fechamento ao longo do LCD.
Os pesquisadores fotografaram uma bola de futebol, uma pilha de livros e um brinquedo, e verificaram que podem gerar imagens razoáveis usando apenas um quarto das medições feitas por uma câmera convencional.
Diafragmas mecânicos
Como não usa lentes, uma "câmera temporal" como essa tem potencial para ser menor, mais simples e mais barata, além de consumir menos energia, devido ao menor número de medições e à ausência dos ajustes de foco.
Segundo os pesquisadores, a técnica poderá ser usada em sistemas de vigilância, onde as mudanças na cena são mais importantes do que o detalhamento das imagens.
Outra possibilidade é a captura de imagens em múltiplos comprimentos de onda, que hoje empregam sensores caros.
Antes disso, porém, os pesquisadores terão que acelerar sua câmera sem lentes: a captura de uma única foto leva de alguns minutos a até uma hora, devido à baixa frequência de operação do LCD.
Para superar essa deficiência, o grupo planeja substituir o cristal líquido por microaberturas controladas mecanicamente por meio de sistemas microeletromecânicos (MEMS).
Inovação Tecnológica