O cofundador da empresa, Tristan Jehan, 38 --que tem um título de pós-doutorado em escuta automatizada e uma banda de bossa nova, na qual toca teclado--, diz que a capacidade de entender a música "acústica e socialmente" da tecnologia que faz companhias rivais (e especializadas, caso de Rdio e Spotify) recorrerem à Echo Nest.
"Iniciamos a companhia logo após terminar o PhD no MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts], num campo academicamente jovem."
"Então, quando as empresas começaram a precisar de uma solução musical, nós já a tínhamos."
Hoje, a Echo Nest atende 100 milhões de pessoas por meio de suas 431 parcerias.
Em posse das características mecânicas da música, como ritmo, tom e melodia, a companhia as cruza com informações subjetivas e de origem humana para recomendar artistas novos.
Alimentada por esse conteúdo subjetivo, a máquina pode definir melhor estilos. É capaz, por exemplo, de distinguir gravações ao vivo das de estúdio e as apresentações acústicas das "elétricas".
"Empregamos pessoas que dizem se uma música é dançante ou triste, por exemplo, além de vasculharmos [de maneira automática] milhões de posts de blogs, notícias e críticas musicais todos os dias", diz Jehan, que acredita que o futuro da música está no modelo de streaming, (reprodução on-line).
"Cada vez mais, teremos acesso a toda música, em todo lugar e todo momento. No futuro, seu 'gosto' poderá segui-lo, facilitando o acesso a música relevante e contextualizada: dispositivos poderão agir como um 'personal DJ', sincronizando seu gosto, ambiente e atividade", diz.
BRASIL
O interesse pela música do Brasil vem de seu pai, músico, e de amigos brasileiros. "Visitei o país algumas vezes e aprendi a gostar da cultura. Então, peguei um violão e aprendi a tocar no estilo de João Gilberto", conta.
"A música brasileira é bastante especial. Há muitos ritmos complexos, e o suingue que há é único."
O maracatu, por exemplo, tem batida "praticamente insuportável" para ouvidos não treinados, diz Jehan, mas soa "totalmente natural" para locais. "Isso mostra que, assim como as máquinas, temos que aprender a ouvir."
Folha Online