Chega ao País teste que
detecta uso sem permissão do usuário
Marina
Caruso
Em menos de 15
dias, uma novidade capaz de chacoalhar muitas famílias
brasileiras chegará ao País. São cerca de 100 mil kits do
drugwipe, primeiro detector de drogas caseiro tão simples de
manusear como um teste de gravidez. À venda por R$ 40 nas
farmácias, o produto é importado da Alemanha e seu comércio
– liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
– causa polêmica antes mesmo de acontecer. Isso porque os
novos kits, (disponíveis para detecção de maconha, cocaína,
opiáceos e anfetaminas) dispensam colaboração dos usuários.
Ou seja, pais que desconfiam que seus filhos usam drogas
poderão testá-los, sem que eles percebam.
Quando em
contato com superfícies por onde encostaram supostos usuários,
o aparelho detecta o consumo. “Basta esfregar em volantes de
automóveis, mouses de computador ou mesmo em uma caneta para
saber se seu filho usa drogas”, explica Linaldo Pimentel,
presidente da SecureTech, fabricante do produto. O resultado
aparece em dois minutos numa janelinha que muda de cor, como nos
testes de gravidez. E é justamente aí que moram os problemas,
como os resultados errados e a falta de diálogo entre pais e
filhos.
Trocando em
miúdos, haverá pais alarmados com exames de jovens
que sequer usam drogas. “Inibidores de apetite, por exemplo,
têm um composto semelhante à anfetamina e o teste pode acusar
positivo.
Até que se explique isso à família, o caos estará instaurado”,
alerta o toxicologista Ovandir Silva. Não é à toa que a venda
do produto tem sido criticada. Isso, claro, sem falar da
paranóia que a chegada do drugwipe pode provocar, como comenta
o diretor da Anvisa, Claúdio Maierovitch, responsável pela
liberação do produto no Brasil. “Imagine se, antes de
conversar com os filhos, os pais saírem em busca dos
testes.
Será a morte do diálogo”, diz o diretor. Para o psiquiatra e
escritor Içami Tiba,
é justamente o contrário. “A partir de um resultado
positivo, o pai ganha subsídios para iniciar uma conversa com o
filho e questionar possíveis negativas”, diz. Na opinião do
especialista, o Brasil só tem a lucrar com a chegada do
Drugwipe. “Um dos grandes problemas é o diagnóstico tardio
da dependência. E o teste pode evitar isso”, afirma.