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Pacientes britânicos usarão maconha em estudo
contra a dor
Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - A Rainha Vitória usava para cólicas menstruais e
quem sofre de esclerose múltipla há tempos louva seus efeitos tranqüilizantes
-- agora, a cannabis será dada a pacientes britânicos para ajudar no alívio
de dores pós-cirúrgicas.
Centenas de britânicos estão sendo recrutados para tomar cápsulas de
cannabis -- nome científico da maconha -- depois de operações, como
parte de um estudo maior.
Evidências sugerem que a cannabis -- usada por milhares de pessoas no
mundo como droga recreativa -- alivia a dor, mas cientistas disseram na
quarta-feira que chegou a hora de fazer testes clínicos adequados.
"Muitos pacientes e clínicos querem uma resposta para a questão do
efeito do alívio da dor pela cannabis", disse Anita Holdcroft, que
lidera o estudo.
"Precisamos avaliar os méritos científicos de algumas das evidências
folclóricas e precisamos fazer da mesma maneira que outros tratamentos
experimentais de dor."
Os cientistas que lideram o estudo do Conselho de Pesquisa Médica
recrutarão 400 voluntários que tomarão alguma forma de cannabis, um remédio
tradicional contra a dor ou um placebo após a cirurgia.
Os pacientes terão seus níveis de dor e de saúde geral monitorados a
cada hora durante seis horas e os resultados serão comparados.
A cannabis tem uma longa história de uso medicinal. O primeiro uso como
remédio foi registrado pelos chineses há 5.000 anos.
A Rainha Vitória usava soluções de cannabis no século 19 para aliviar
dores durante a menstruação. Seu médico descreveu a droga como "um
dos remédios mais valiosos que possuímos".
A empresa britânica de biotecnologia GW Pharmaceuticals pretende lançar
um remédio a base de cannabis para quem sofre de esclerose múltipla até
o final deste ano. Testes com o remédio -- em forma de spray -- mostraram
redução de dores, convulsões e distúrbios do sono em pacientes.
As ações da empresa subiram 7,5 por cento na quarta-feira e atingiram
pico de dois meses impulsionadas pelo lançamento do novo estudo.
Os médicos advertem, porém, que a dose será pequena, controlada e
provavelmente não provocará "viagens".
"Não podemos dizer que não haverá mudanças no humor, mas ninguém
ficará 'louco' como se tivesse ingerido uma grande quantidade da droga
com rapidez", disse Holdcroft à Reuters.
Ela espera que os resultados do estudo estejam pronto para publicação
dentro de um ano.
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