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Unindo povos diferentes: desenvolver ou criar?
Existe uma questão importante que o pessoal de
desenvolvimento e de criação deve discutir em conjunto, na tentativa de
oferecer melhores serviços para seus clientes. Tecnologia sem comunicação é
nada.
Igor Broseghini
Chega a grande notícia. O cliente anuncia pessoalmente que ganhamos a concorrência
daquela conta tão desejada. A festa para comemorar reúne todos na empresa.
Alegria e descontração completam a sensação de vitória, o clima de que
somos os melhores, entre os comes e bebes o entrosamento é total. Um novo
projeto está por vir e com ele todos os problemas de relacionamento interno
entre as equipes.
Por mais provocativo que o título desse artigo possa parecer, existe uma questão
importante que devemos discutir juntos – pessoal de desenvolvimento e de criação
– na tentativa de oferecermos melhores serviços para nossos clientes.
Uma coisa que podemos perceber é que estes dois povos – desenvolvimento e
criação – são ainda hoje de mundos muito diferentes, ligados agora por um
forte elo chamado internet. Antes dela, era cada um na sua, trabalhando em suas
respectivas áreas, mas que de repente começaram a ter que se falar, cada um
com a sua língua, cada um com a sua cultura.
A própria palavra “desenvolvimento” difere da palavra “criação” em
sua etimologia. Resumidamente e focando dentro do nosso contexto, a primeira se
refere a dar continuidade ou evoluir de algo previamente estabelecido. A
segunda, trazer a existência algo inexistente, algo novo, que nunca havia sido
conhecido ou pensado.
Deixando as definições aurelianas de lado, e indo para a realidade prática, o
pessoal de criação fica, normalmente, responsável por entender as
necessidades do cliente e seus usuários para gerar as soluções criativas de
layout, textos, arquitetura da informação e funcionalidades que farão parte
do projeto. Podemos incluir aí também a participação na estratégia de
marketing e de promoção do site após o seu lançamento.
É um trabalho de entender o problema do cliente, entender como o site pode
resolver estes problemas, montar uma bela apresentação com propostas criativas
e voltar no cliente para dar o show. Claro que isso não é tão simples quanto
parece e nem todos que trabalham com criação em projetos web o fazem assim.
Sejamos realistas.
Mas uma diferença que vejo aí é que nas diversas metodologias fabulosas de
desenvolvimento, o trabalho propriamente dito começa por entender os requisitos
do usuário ou caso de uso. Do tipo: “o usuário tem que efetuar uma busca
assim assado e ensopado...”. Ou seja, conforme a definição no “pai dos
burros”, algo tem que estar estabelecido como ponto de partida. E é desse
ponto que começam minhas observações.
As metodologias de desenvolvimento atuais empregadas em projetos web se originam
no desenvolvimento de software e pouco servem para este novo tipo de projeto. É
importante que o pessoal de desenvolvimento entenda que estamos usando a
tecnologia para construirmos canais de comunicação - que contém
funcionalidades de interação com usuário e tarefas a serem cumpridas, sim -
mas que no âmbito geral estão fortemente ligadas à necessidade das empresas
se relacionarem com seu público, seja na internet ou numa intranet.
Isto muda radicalmente a forma de desenvolvedores encararem um projeto web. Não
existe mais espaço para ficar esperando os “casos de uso”. O momento agora
é de, junto com a criação, pensar em soluções inovadoras que surpreendam os
clientes.
Uma coisa que quebra totalmente essa idéia de “caso de uso” é que na
maioria das vezes, o próprio cliente não sabe o que o usuário final quer
fazer no seu site, ou ainda, ele não faz a mínima idéia do que é melhor para
ele. Quando isso é cobrado do cliente, ele na dúvida, fala qualquer coisa e os
projetos saem qualquer coisa.
A internet abriu uma janela para uma massa de audiência quase que incontrolável.
Levantar “casos de uso” que reflitam a realidade fica bem mais complicado
neste novo cenário. Esse entendimento tem que ser construído ao longo do
tempo, com os mecanismos de relacionamento, medição de audiência, análise de
comportamento etc etc etc.
Nós, desenvolvimento e criação, devemos demonstrar maturidade e entendimento
do meio internet para os clientes e sugerir como ela pode ajudar na solução de
problemas de negócio de suas empresas.
Isso é criar. Partir de um problema para dar a solução. Independente de ser
de criação ou de desenvolvimento. Essa deve ser a mentalidade do profissional
web.
Já foi escrito aqui pelo Vicente algo sobre isso, que quem trabalha nessa área
tem que saber de tudo um pouco. É verdade. A única ressalva que faço é que
tem muito mais gente de criação com noções de desenvolvimento do que gente
de desenvolvimento com noções de criação.
Não me refiro a um saber fazer o trabalho do outro, mas apenas entender suas
aplicações, conceitos, necessidades e dificuldades, respeitando suas diferenças,
mas trabalhando como uma só equipe. [Webinsider]
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