PR
terá delegacia especial para combater crimes na internet
Crescimento do e-commerce fez aumentar
o número de armadilhas na rede
O
aumento dos casos de crimes e golpes cometidos via internet no Paraná
levou o governo do estado a decidir pela criação de um setor
especializado no combate a esses ilícitos. A Secretaria de Segurança Pública
pretende implantar o serviço até o fim do ano, mas ainda estuda se a
estrutura será de uma delegacia própria ou algum setor vinculado à
pasta. A Delegacia de Estelionatos de Curitiba, que atende a esse tipo de
ocorrência, não dispõe de equipamentos nem de mão-de-obra
especializada para investigar esses casos. Poucas vítimas de golpes pela
internet, ou cybercrime, sabem a quem recorrer.
Há quatro anos surgia no Brasil o varejo on-line. Hoje, 2,4 milhões de
internautas – 10% dos quais fazem compras pela internet. O aumento do
chamado e-commerce fez crescer também a quantidade de armadilhas na rede
mundial de computadores. No Paraná, os números são modestos,
principalmente porque os lesados não sabem a quem reclamar. O Procon
atendeu a 26 ocorrências desde janeiro e a Delegacia de Estelionato
atendeu a alguns poucos casos. Os riscos de golpes aumentam com a chegada
do fim de ano, período de alta no comércio digital.
Das reclamações atendidas pelo Procon sobre comércio eletrônico via
internet, 7 são por cobrança indevida, 4 por cancelamento de contrato, 3
pelo não cumprimento do contrato e outras 3 por serviço não executado
ou não atendido. São casos de pessoas que pagaram por um produto e não
o receberam, foram cobradas mesmo depois da suspensão do contrato ou que
não receberam de volta a mercadoria depois de enviá-la para o conserto.
O comerciante Edson de Sá é um dos lesados que não aparecem nas estatísticas.
Distribuidor de materiais hidráulicos, queria presentear seus clientes
com algo útil no fim de ano. Recebeu a proposta de uma pechincha em seu
e-mail e decidiu fazer negócio. Fez o depósito de R$ 58 na conta de uma
pessoa física no Rio de Janeiro, mas não recebeu as 12 canetas
detectoras de dinheiro falso que encomentou. Nas três vezes em que
conseguiu contato, o fornecedor pôs a culpa nos Correios. A mercadoria
devia ter sido entregue em setembro. Agora, o fornecedor não responde às
ligações e mensagens eletrônicas de Sá.
Sá diz que essa foi a primeira e última compra pela internet. "Como
é que vou confiar agora?" Apesar de ter sido enganado, o comerciante
não registrou queixa. Não acredita que pode ser ressarcido, uma vez que
o suposto fornecedor é de outro estado. O titular da Delegacia de
Estelionato, Roberto H. de Almeida Júnior, diz que casos assim devem ser
denunciados. Ele próprio não vê segurança nas transações comerciais
pela internet e evita fazer movimentações financeiras ou operações na
conta bancária e cartão de crédito.
Segundo especialistas, o golpe que mais preocupa as grandes empresas é a
clonagem de sites. Os vigaristas mandam para milhares de pessoas e-mail
com características semelhantes às dos sites oficiais, com o intuito de
enganar os desavisados. Em média, 1% de quem os recebe acaba entrando na
página para comprar algo.
Mauri
König e Guido Orgis