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Descoberta
mutação genética que protege contra hipertensão
Uma mutação genética que favorece o regulamento do tônus
vascular das artérias poderia proteger contra a hipertensão, um
mal que afeta milhões de pessoas no mundo. A informação está em
um estudo realizado por cientistas espanhóis da Universitadad Pomeu
Fabra, publicado hoje em Barcelona .
Os cientistas
identificaram uma mutação genética no processo de troca de potássio
e cálcio do interior das células das paredes arteriais, que
determinam que os vasos estejam contraídos ou dilatados, e
portanto, influem na pressão sanguínea. Segundo a pesquisa, das
pessoas que sofrem desta alteração genética, só 3% apresentam
hipertensão, um dado que revela a importância desta descoberta.
Também está sendo
analisado o fato de que, aparentemente, a prevalência da mutação
é superior nas mulheres, embora a incidência da hipertensão seja
similar em ambos os sexos, uma questão que poderia estar
relacionada com os estrogênios.
A pressão arterial
é condicionada pelo gasto cardíaco, que é o bombeio do sangue
pela coração, e pela resistência vascular periférica, como se
chama a contração e dilatação das artérias. Na maioria dos
casos de hipertensão, sua origem está numa maior resistência
vascular devido ao diâmetro dos vasos sanguíneos.
Os estudos
apresentados hoje se baseiam em dados de 4 mil pessoas, nos quais
foram analisadas as moléculas da parede dos vasos sanguíneos, e
especialmente um canal de potássio que é o que regula e facilita
seu tônus e sua flexibilidade.
Conforme Miguel
Valverde, um dos cientistas, o regulamento do diâmetro fica a cargo
do aparelho contrátil da fibra muscular lisa que forma a parede do
vaso, e a contração deste músculo depende dos níveis de íons de
cálcio dentro da célula. Isto significa que estímulos que
determinem um aumento de cálcio intracelular elevam a contração
muscular, enquanto que, pelo contrário, a diminuição do cálcio
se associa com um relaxamento do músculo vascular, do que se deduz
que o controle do nível de cálcio intracelular determina o
relaxamento ou contração das artérias.
De acordo com a
pesquisa, a contração muscular pode ser modulada controlando a
entrada de cálcio na célula, e a própria célula tem sistemas
para fazê-lo, mas quando aparece uma mutação neste sistema, de
modo que aumenta a saída de íons de potássio, é quando se produz
esta proteção contra a hipertensão.
Atualmente, a
hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco
cardiovascular, e se associa à cardiopatia isquêmica, os acidentes
cerebrovasculares, e à insuficiência cardíaca, entre outras
patologias. Em 90% dos casos da doença, suas causas são
desconhecidas, embora a origem possa ser atribuída a diversos
fatores tanto genéticos quanto ambientais, o que dificulta o
controle da doença.
Os resultados deste
trabalho farão que no futuro a medicação prescrita para cada
doente seja individualizada.
EFE
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