O diretor sênior do laboratório de computação da HP,
cientista e físico, Bernardo Huberman, acredita que
o principal fator para se tornar notável na web e
nas redes sociais é a atenção. Huberman participou
nesta quinta-feira de uma conversa com alunos da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS), em Porto Alegre, e afirmou que a moeda
e a sobrevivência na internet dependem da atenção
que se consegue angariar na rede.
"A web acelerou
o metabolismo do pensamento e as decisões sobre o
trabalho, problemas sociais e divertimento enquanto
cria uma enxurrada de conteúdo", constatou o
cientista. Para ele, o Google, o Facebook e o
Twitter entendem que produtos e serviços não servem
para nada se eles não forem capazes de chamar a
atenção e constantemente surpreender o público.
É por isso, inclusive, que a atenção é a cereja
do bolo das mídias sociais, porque ela "não é uma
commodity que pode ser reproduzida com facilidade",
de acordo com o pesquisador. Ao contrário, este
fator é o diamante mais precioso da comunicação para
uma companhia e o mais raro de ser encontrado porque
um mesmo produto, como o Instagram, precisa
desenvolver maneiras diferentes de chamar a atenção
em lugares diferentes do planeta, levando em conta
as culturas distintas, se quiser realmente ser
bem-sucedido.
Para ele, o que se vê atualmente na web é uma
intensificação de um processo social, que sempre
aconteceu na história da civilização, mas que nunca
antes esteve tão em voga. "A atenção é o fator que
faz as descobertas seguirem adiante. No mundo das
celebridades, por exemplo, acontece o mesmo. Britney
Spears e Justin Bieber recebem um grande retorno de
atenção dos fãs e da mídia", exemplificou, ao
afirmar que as redes sociais são uma maneira de
manter as pessoas falando sobre um assunto por mais
tempo.
A questão da atenção nas redes sociais precisa
ainda lidar com o fator da inovação, simplesmente
porque, segundo Huberman, "nós cansamos muito rápido
das coisas", fazendo com que o nível de atenção
decaia constantemente. "Um viral no YouTube se
espalha, é visto por milhões de pessoas e, com o
passar de pouco tempo, ele não é mais novidade. Até
que um dia você recebe o mesmo vídeo de um amigo e
pensa: 'eu já vi, não vou clicar novamente'", falou.
O paradoxo da persistência
Huberman notou ainda que uma das maneiras de chamar
a atenção na web é pela persistência. No entanto,
estudos realizados pelo próprio cientista mostraram
a existência do que ele chamou de "paradoxo da
persistência".
Por meio de gráficos, gerados a partir dos dados
dos levantamentos, pôde-se perceber que quanto mais
persistente um usuário é na rede, mais qualidade com
o conteúdo ele vai alcançar. O problema é que, ao
mesmo tempo, com o aumento da qualidade do conteúdo,
o sucesso diminui. As chances de chamar a atenção
diminuem com o tempo e com o crescimento da
qualidade. "Isso mostra que se você não fizer
sucesso logo de cara, é melhor parar", brincou
Huberman.