O Brasil ainda está longe de países do norte europeu e da
Ásia, que lideram a lista de inclusão digital. Mas o acesso à internet está em
crescimento no país. Enquanto a Suécia lidera a lista com 97% da população
tendo acesso à rede em casa, a taxa brasileira é de 33% - ocupa a 63ª posição
entre 154 países no mundo. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo
Mapa da Inclusão Digital, estudo feito em parceria entre a Fundação Getúlio
Vargas (FGV) e a operadora de telefonia Vivo.
"É bom estudar o Brasil porque somos uma fotografia da exclusão e
inclusão social do mundo. Temos um país diversificado e desigual. E nossa taxa
de acesso à internet é idêntica à do planeta", diz o professor Marcelo
Cortes Neri, professor do Centro de Políticas Sociais da FGV e coordenador do
projeto.
Há seis anos, apenas 8% dos brasileiros tinha internet em suas residências
segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios - houve um crescimento de
154%. "Se a gente quiser entender o boom da internet no país, temos que
entender que foram 33 milhões de pessoas que migraram para a classe C (renda
familiar de R$ 1800 até R$ 7450) desde 2006", afirma Cortes Neri. "As
pessoas estão migrando de classe e está aumentando a taxa de uso do serviço
dentro das classes." Enquanto na classe AB o acesso é de 75,82%, na classe
C é de 33,9% e nas classes inferiores cai para níveis inferiores a 10%.
São Caetano, na região metropolitana de São Paulo, apresenta o maior índice
de acesso à internet do País. No município, 74% da população tem computador com
internet em casa. A capital com maior acesso à rede também está no sudeste do
Brasil: é Vitória, no Espírito Santo, com 68,41%, em segundo lugar na lista. A
outra é Florianópolis, em quarto (67,67%). Curiosamente, as duas são as
capitais com maior cobertura de banda larga - 80,55% na capital capixaba e
76,99% na catarinense.
As regiões sudeste e sul puxam a taxa do país para cima - 19 das 20 cidades
com maior acesso à internet do país estão ali. Já as regiões norte e nordeste
afundam a média brasileira. Dos 18 municípios sem acesso doméstico do Brasil,
oito estão no Piauí, seis no Maranhão, três no Pará e um no Amapá.
Os estados do Brasil com melhor acesso domiciliar são Distrito Federal
(58,69%), São Paulo (48,22%), Rio de Janeiro (43,91%), Santa Catarina (41,66%)
e Paraná (38,71%). Já os de pior taxa são Maranhão (10,98%), Piauí (12,87%),
Pará (13,75%), Ceará (16,25%) e Tocantins(17,21%).
O estudo também avaliou o uso da internet no país, já que ter computador
conectado em casa não é necessariamente garantia de utilização. Neste caso,
35,2% dos brasileiros afirmam que utilizaram a rede nos últimos três meses.
Neste caso, Florianópolis e Curitiba são as que mais acessam a internet -
61,65% e 59,98% respectivamente -, mas a grande surpresa é Palmas, em terceiro
lugar na lista com 59,70% de acesso. Apenas 17,21% da população do Tocantins
tem computador e internet em casa.